São Januário é um patrimônio e motivo de orgulho para o Vasco. Apelidado de Caldeirão, tem sua força no apoio da torcida. Mas para os técnicos, as condições não são as ideiais. Após a vitória sobre a Portuguesa, no último sábado, Paulo Autuori se queixou da localização do banco de reservas, que fica na linha de fundo. Fato raro no principais estádios do país, esse é um sinônimo de tabu e superstição no que se refere ao estádio cruz-maltino.
Em 2004, Geninho, então técnico do Vasco, pediu ao presidente Eurico Miranda que deslocasse o banco de reservas para a lateral central do gramado, à frente das cadeiras sociais. No entanto, a experiência durou pouco. Após eliminação da Copa do Brasil com uma derrota por 3 a 0 para o 15 de Campo Bom-RS, comandado pelo ainda desconhecido Mano Menezes, tudo voltou a ser como era (assista ao vídeo).
- Na linha de fundo o treinador fica perdido, sem noção de distância e profundidade. Na época, solicitei a mudança ao Eurico, e ele atendeu. Foram quatro ou cinco jogos assim, mas talvez a eliminação tenha pesado. Como todo mundo sabe, no futebol a superstição tem algum peso. Mas acho que a posição do banco tem a ver com a história de São Januário - afirmou Geninho.
Ao longo da história do estádio, os bancos de reservas já estiveram instalados em diversos locais. No início da década de 1990, por exemplo, eles ficavam localizados ao lado esquerdo das sociais, direção oposta à atual. Para João Ernesto Ferreira, coordenador do centro de memória do clube, entretanto, não existe oficialmente uma justificativa histórica para esse fenômeno.
- Pelo que se sabe, o banco de reservas no centro do gramado poderia prejudicar a visão de quem está nas sociais, apenas isso - disse.
Paulo Autuori deixou claro que não aceitaria a justificativa de tradição ou superstição para que sua área de trabalho fosse a linha de fundo. No entanto, o panorama pode mudar a seu favor, mesmo que provisoriamente. São Januário será palco de treinos de Espanha e México e de um amistoso entre Itália e Haiti visando à Copa das Confederações. Dessa forma, a Fifa pode optar pela mudança.
- Quero ver se Fifa vai permitir - disse o técnico vascaíno.