Categorias de base

Base do Vasco segue na mira do Ministério Público

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Maior desafio da gestão Roberto Dinamite, as categorias de base do Vasco aparentemente voltaram a apresentar problemas após um período de intensa fiscalização do Ministério Público. As principais queixas de alguns pais e correntes oposicionistas estão ligadas à alimentação precária e ao atraso de até cinco meses na ajuda de custo aos atletas. O clube segue na mira do MP, já que a ação movida em abril pela promotora Clisanger Ferreira Gonçalves, da Promotoria da Infância e da Juventude, só deve ser encerrada no meio de 2013 desde que o Cruzmaltino cumpra as exigências do processo.

Desta vez, as denúncias são apenas sobre São Januário. Inaugurado no final de setembro, o CT de Itaguaí tem sido elogiado pelas condições de treinamento, transporte e alojamento. No entanto, a Colina histórica sofre principalmente com problemas para a alimentação diária das promessas. Com medo de represálias, pais de jovens procuram conselheiros influentes com o objetivo de fazer com que as reclamações alcancem os dirigentes responsáveis.

“Está chegando o momento de trocar o meu filho de clube. As melhoras aconteceram em razão da interdição do Ministério Público. No primeiro mês tudo ficou perfeito. Refeitório limpo e acomodações em bom estado. Mas a alimentação voltou a ficar precária. Eles só têm arroz e feijão para comer e alternam com ovo ou frango. O que soubemos é que cortaram o fornecimento de alguns alimentos por falta de pagamento. Já vi garotos almoçando em biroscas próximas ao clube pela maior variedade de alimentos”, contou um pai, que preferiu manter o anonimato.

O atraso na ajuda de custo - de R$ 300 até R$ 1.500 - já dura cinco meses. Como algumas famílias necessitam da verba para a manutenção das condições de treinamento e até necessidade econômica, a desmotivação de determinados jovens vem chamando a atenção. “As condições de Itaguaí são muito boas, mas a maioria dos atletas permanece em São Januário. São cinco meses sem ajuda de custo dos meninos que têm contrato de formação. Não recebem desde maio. Isso os deixa sem qualquer perspectiva”, comentou outro responsável.

Diretor da base, Manuel Pereira reconheceu os problemas, mas argumentou que o atraso na ajuda de custo é menor do que cinco meses e os problemas com alimentação acontecem em razão das falhas na entrega de fornecedores.

“Existe o atraso como no profissional, mas não chega a cinco meses. Cada caso é um caso. Procuramos ajudar as famílias que possuem maior necessidade. No momento, não temos recursos para pagar a todos. Existem jogadores que recebem a ajuda dos próprios empresários. Infelizmente, alguns pais também fazem da ajuda de custo um meio de sobrevivência. O certo seria nos procurar antes de fazer qualquer denúncia para conselheiros ou imprensa. É a mesma situação da comida. O Vasco tem obrigação de fornecer alimentação para os 30 atletas de Itaguaí, mas damos refeições para mais de 100. Às vezes, um fornecedor atrasa a entrega dos mantimentos e dizem que não tem comida. Não é bem assim. É complicado”, explicou.

Com quase dois meses no cargo de coordenador das categorias de base, o ídolo Mauro Galvão não tomou conhecimento dos problemas relatados. Porém, diz acreditar que os ajustes fazem parte de um processo de transição após as mudanças realizadas pela diretoria na estrutura do departamento de futebol amador.

“Estamos em Itaguaí e esses problemas não chegaram para mim. O fato é que ocorreu uma mudança na base e vivemos um período de transição para a adequação de toda a estrutura. Lógico que nem todas as coisas estão como desejamos. O Vasco procura e sempre vai batalhar para dar as melhores condições aos atletas. Precisamos ter cuidado para resolver as questões. Se isso é verdade, graças a Deus temos arroz e feijão para comer em determinados dias de dificuldade. Tem gente que nem sequer tem isso. Vamos trabalhar, pois tenho a certeza de que as condições estão melhorando bastante”, disse.

Presidente da Cruzada Vascaína, corrente de oposição do clube, Leonardo Gonçalves lamentou a situação e revelou que as denúncias são comuns no dia a dia Cruzmaltino. “Todo vascaíno fica triste e isso não é de hoje. Esses meninos precisam de ajuda. A base do Roberto [Dinamite] ficou um ano sem um diretor que fosse sócio. O Vasco perdeu tempo e vive essa situação desde 2009. Também recebemos uma série de denúncias e verificamos a procedência. Tentamos sempre levar o assunto à diretoria, já que no conselho está difícil. São poucas reuniões. E quando acontecem os conselheiros não conseguem debater determinados problemas”, encerrou.

O impasse entre Ministério Público e Vasco vem desde o início do ano. Após a morte de Wendel Júnior Venâncio da Silva, de 14 anos, no dia 9 de fevereiro durante uma peneira do clube, no CT de Itaguaí, teve início uma série de investigações sobre as condições das categorias de base. O centro de treinamento foi interditado no dia 18 de abril, mas o Cruzmaltino conseguiu uma liminar no dia 10 de maio e restabeleceu o funcionamento. O clube reformou o local antes de marcar a inauguração oficial e fez o mesmo com São Januário. Os possíveis novos problemas são mais um capítulo na disputa judicial.

Fonte: UOL Esportes
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