Pouco mais de dois minutos para o fim, o Vasco vencia por 66 a 65 e muitos dos torcedores que lotaram o ginásio de São Januário na terça-feira deviam estar se perguntando por que o ala Robby Collum ainda estava em quadra naquele momento. A questão parecia fazer sentido. Afinal, o americano até aquele instante não tinha feito um ponto sequer na partida. Mas são justamente nessas horas que os caras que decidem costumam entrar em cena. Em dois arremessos consecutivos, o veterano de 35 anos anotou seus únicos seis pontos na vitória por 79 a 73, tirou o clube cruz-maltino do sufoco e mostrou que definitivamente é um deles.
Para o técnico Christiano Pereira, o americano fez muito mais do que apenas os seis pontos que mudaram a história do jogo e praticamente selaram a vitória do Vasco. Não é à toa que mesmo numa noite pouco inspirada em números, Robby Collum permaneceu em quadra por 25 minutos. Para o treinador vascaíno, sua "teimosia" é muito simples de ser compreendida.
- O Collum é um jogador diferente. A qualquer momento ele te dá isso o que aconteceu no final do jogo. Não é à toa que mesmo ele zerado nós o mantivemos em quadra no final do jogo porque sabemos que ele sempre pode resolver. Só que ele tem uma importância tática dentro do jogo que poucos enxergam na parte defensiva. É um jogador de estatura mediana que consegue marcar um pivô numa troca defensiva, que tem uma presença boa no rebote e enxerga muito bem o jogo. Muitas vezes ele não pontua muito, mas ganha espaço para outros jogadores pontuarem. Mesmo mal ele consegue segurar a marcação em cima dele e isso facilita o jogo para outros terem mais espaço de chegarem à cesta - analisou Christiano.
Aos 35 anos e com passagens de destaque por Uberlândia e Minas Tênis, o americano pelo visto pouco se importa com elogios. Meio sem jeito e sereno como se nada tivesse acontecido minutos antes, Collum rechaça o rótulo de herói, discorda que tenha sido o responsável pela vitória e faz questão de dividir os méritos com seus companheiros.
- Não sei se fui decisivo, apenas tento sempre ajudar meu time a ganhar da maneira que posso. Gaúcho, Palacios, Hélio, Douglas, todos esses caras jogaram muito também. O jogo tem quarenta minutos, todos aqui são profissionais e quando o técnico chama seu nome, você tem que estar pronto para entrar e fazer alguma coisa. Foi bom para mim hoje (terça) e pude ajudar o time a vencer - disse o americano, que explicou em poucas palavras os motivos que não o levaram a achar que o jogo estava decidido após sua segunda bola de três, a pouco mais de dois minutos para o estouro do cronômetro.
- Não porque ainda tinha tempo no relógio.
O americano também fez questão de agradecer ao torcedor vascaíno. Apesar de já estar acostumado com o jeito do brasileiro de torcer, Robby Collum destacou o comportamento do público que abarrotou o ginásio de São Januário na terça-feira.
- Joguei no Uberlândia, que tem uma torcida muito boa também, mas claro que a do Vasco é bem maior. Lá eu tive uma experiência muito legal, mas o Vasco é incrível. Você viu hoje (terça)? Lotado, todos os lugares cheios e eles nos apoiaram muito o tempo todo. Eles estão de parabéns e só temos que agradecer. Nos sentimos muito bem quando temos a torcida ao nosso lado, ganhando ou perdendo, eles estão sempre torcendo e isso é muito legal - agradeceu ala do Vasco.