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Basquete: Gaúcho conta sobre a identificação com o Vasco

Aos 12 anos, Daniel Almiro Zilmer ganhou dois presentes, um do seu padrinho e outro da sua mãe. O primeiro lhe deu uma camisa do Vasco, a segunda, uma bola de basquete. Um sinal do que viria pela frente? Apenas a blusa cruzmaltina caiu nas graças da criança, muito por causa do sucesso que o time apresentava nos gramados - no futebol. A bola não ficou de lado. Ela durou quase um mês. Mas não resistiu aos chutes dados nas "partidas" de gol a gol. Dezessete anos depois, a bola de basquete, a camisa do Vasco e Daniel, hoje mais conhecido como Gaúcho, se reuniram novamente. Dessa vez, para o vascaíno ser MVP das finais da Liga Ouro e levar o clube de São Januário à elite da modalidade: o NBB.

A vida do ala começou a mudar aos 13 anos, quando ele e sua família saíram de Três de Maio e foram morar em Bauru, em São Paulo. Obrigado a praticar esportes por dona Ninfa Damasceno, sua mãe, foi colocado na escolinha de basquete mesmo contra vontade. A partir daí a recusa virou gosto. A competição "infantil" para ser o melhor entre os amigos despertou o talento do ala.

- Sempre quis ser jogador de futebol, como toda criança. Aí, em 1999, minha família foi toda para Bauru. E na época o time de lá era muito forte. Por eu ser alto, minha mãe me colocou na escolinha de basquete, mesmo não querendo, porque eu tinha que fazer esporte. Lá é um complexo, que tem o time de basquete e o de futebol. E eu queria ir pro de futebol. Mas comecei a fazer amigos que jogavam basquete e então comecei a jogar basquete. Comecei a gostar por causa deles. Aí tinha aquela competição infantil, queria ser melhor que os amigos. Peguei um técnico que desenvolveu minhas habilidades. E no meu primeiro ano fui seleção de ouro num campeonatinho. Aí peguei gosto. No terceiro ano peguei seleção brasileira e paulista. Hoje sou apaixonado pelo que faço - contou o camisa 8 de São Januário.

Quando seu agente ligou para avisar que o Vasco tinha interesse em contar com o jogador para a disputa da Liga Ouro, Gaúcho ficou surpreso. Logo veio na memória os presentes ganhos na infância e que hoje são sua paixão. Por isso, não hesitou. 

- Quando fiquei sabendo que o Vasco estava com o projeto de voltar a elite do basquete, fiquei muito feliz por mais um time de peso voltar. Mas nunca imaginei fazer parte. Estava jogando pela Liga Sorocabana. Foi uma grande surpresa quando o meu agente me ligou avisando que o clube de São Januário queria que eu fizesse parte do time. Foi uma alegria imensa. Não pensei duas vezes. Sei que é chato sair de um time durante a temporada, mas eu não podia perder essa oportunidade. 

Aos 30 anos, Gaúcho só tinha morado em sua cidade natal, até os 13 anos, e em São Paulo, onde jogou toda sua carreira. Por isso, quando chegou ao Rio, tudo era novo. Mas a adaptação veio rápido, e o ala não pensa mais em sair da capital fluminense.

- Assim que eu cheguei no Rio, tudo foi fantástico, a recepção de todos do clube. Me senti em casa desde o primeiro dia. Me senti muito à vontade para desempenhar meu trabalho. O Rio de Janeiro é a Cidade Maravilhosa. A qualidade de vida é muito boa. Sempre tem um lugar novo pra conhecer. Já estou até pegando sotaque, pegando esse jeito de se vestir mais livre, mais solto, que eu prefiro. Não gosto de calça jeans. Gosto de chinelo, short e camisetinha no ombro - disse o atleta que já passou por Bauru, Liga Sorocabana, Paulistano e Araraquara.  

Se seus pais, as duas irmãs e o irmão ficaram todos em Bauru, o ala vascaíno encontrou uma nova família em São Januário. Como a maioria dos jogadores vieram com um contrato curto para a Liga Ouro, muitos deles moram no mesmo prédio, o que faz com que o companheirismo de dentro da quadra vá para fora dela. E vice-versa.

- Nós temos o privilégio de 80% do time morar no mesmo prédio. Querendo ou não, isso ajuda muito dentro de quadra. Quando vamos fazer alguma coisa, fazemos sempre juntos. Tenho muito contato com Hélio, Dámian (Palacios), Drudi, Douglas, Bruninho. E essa questão é muito boa porque hoje é difícil ter um grupo que tenha uma união muito forte. 

Com os amigos, Gaúcho tem conseguido unir suas outras paixões: culinária e pescaria. Entretanto, o vascaíno admite que o mesmo talento visto em quadra não é apresentado na cozinha e nem no barco. 

- Minha segunda paixão é a pescaria. Eu, Bruninho, Damián e Douglas já fomos pescar. Alugamos um barco e fomos pescar. Outra coisa que faço com eles é cozinhar. Nós não sabíamos muito, mas inventamos algumas coisas, pelo menos tentamos. Ainda mais com essa onda de Master Chef, gosto de cozinhar e reunir a galera. Nós pegamos na internet, nas páginas, assistimos muitos programas de culinária e aí depois cada um dá seu toque. Já está saindo coisa boa. Eu gosto de fazer guacamole, cevite, carnes no forno. Da última vez, fomos pescar e pegamos tudo menos peixe. Pegamos cobra, raia. A ideia era pescar e fazer uma receita depois, mas como só pegamos coisa exótica deixamos pro mar mesmo - revelou o jogador, que diz que seus programas de televisão preferidos também são de pescaria e culinária.

A pesca poderia ser uma das responsáveis pela calma do ala dentro e fora de quadra. Mas a tranquilidade do vascaíno é trabalhada dia a dia, através de cursos, da leitura e da religião.

- Eu sou como um pato no lago. Por fora parece calmo, mas por dentro está tudo eufórico. Ainda mais com a torcida do Vasco, que inflama, dá vontade de pular com eles, mas consigo me controlar bem. Eu melhorei muito essa parte porque eu era muito explosivo. Não tinha esse controle sobre minha mente e corpo. Isso eu consegui através de livros, fiz uns cursos de desenvolvimento pessoal, de programação neurolinguistica. Conversar com Deus também me ajudou. Hoje, graças a Deus consigo ter esse desenvolvimento pessoal - disse o camisa 8, que elegeu "Pai rico, pai pobre", de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter, como seu livro preferido.

Mas a maior paixão de Gaúcho é Mayara Rossi, sua noiva há quase três meses. Se disser que ela foi um presente para ele, não seria exagero. O vascaíno pediu a mão de sua namorada no dia de seu aniversário, enquanto visitavam o Cristo Redentor.

- São oito anos de namoro à distância. Além de ser minha noiva, minha futura mulher é minha companheira. Durantes todas as fases que tive, todos os problemas que passei, ela sempre esteve ao meu lado. Ela é uma amiga, companheira, parceira. Sou muito apaixonado. Grato a Deus de ter colocado ela na minha vida. É a mulher que eu quero pro resto da minha vida, construir uma família com ela. Por isso pedi a mão dela no dia do meu aniversário, 27 de março. Os pais dela vieram pra cá, fomos conhecer o Cristo e lá pedi a mão dela. Foi o meu presente de aniversário - contou o noivo, que admite querer ser mais romântico e que até a noiva às vezes pede para que ele se abra mais.

Os planos de Gaúcho daqui para frente já são bem claros. De contrato renovado com o Vasco, o jogador pretende montar sua vida aqui no Rio.

- Quero continuar no Vasco, casar, construir uma família, e, se Deus quiser, me aposentar no Rio de Janeiro.

O Vasco conquistou a vaga no NBB 9 depois de vencer a Liga Ouro ao derrotar, de virada, o Campo Mourão, na série final, por 3 a 2. 

Fonte: ge
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