Em 1950, o Maracanã não resistiu ao Uruguai e foi palco de uma tragédia nacional na Copa do Mundo de futebol. Mas, 13 anos depois, o Maracanãzinho teria um destino melhor. No dia 25 de maio de 1963, o Brasil conquistou o bicampeonato mundial de basquete com uma vitória maiúscula por 85 a 81 sobre o time dos Estados Unidos, que havia derrotado a seleção nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, menos de um mês antes.
Foi a consagração da equipe comandada pelo lendário Togo Renan Soares, o Kanela. Daquele elenco de 12 atletas, apenas Benedito Cícero Torteli, o Paulista, ainda vive no Rio de Janeiro. E guarda memórias de 50 anos atrás.
- Certamente havia mais de 20 mil pessoas no Maracanãzinho. Tinha gente sentada ao lado da quadra, pendurada nos ferros de sustentação. Conforme a gente foi vencendo um jogo após o outro, foi crescendo o interesse - recorda Paulista, que hoje está em São Paulo com os demais campeões mundiais em um almoço na Confederação Brasileira de Basquete (Ubiratan, Rosa Branca e Waldemar já faleceram).
Apesar de ter nomes como Wlamir Marques e Amaury Pasos, que já tinham sido campeões mundiais em 1959, o Brasil chegou ao Mundial desacreditado. Porém, as vitórias sobre as então potências União Soviética e Iugoslávia (a vice-campeã) despertaram a torcida. Os americanos não contavam com profissionais da NBA, mas vieram com jovens que se tornariam lendas na liga como o pivô Willis Reed.
- Se nós não jogássemos no Brasil, não venceríamos. Imagine só 20 mil pessoas gritando, empurrando - recordou Paulista, que se lembra de quando o folclórico Kanela perdeu o fair play: - Em um jogo, o Kanela deu um murro em um árbitro e foi expulso. Deveria sair do ginásio, mas ficou na arquibancada, sentado. No Brasil, ninguém tiraria ele de lá.
Desde então, nunca mais o basquete masculino brasileiro chegou ao mesmo patamar de conquistas. Em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, a geração bicampeã fechou um ciclo glorioso com a medalha de bronze. Em 1970, na Iugoslávia, foi vice-campeã mundial.