Após apoiar as duas primeiras edições da Copa Brasil de Clubes, em Manaus, a Confederação Brasileira de Beach Soccer (CBBS) deixou de chancelar a última edição, disputada entre 15 e 19 de maio e vencida pelo Flamengo, que superou o Sport Recife na decisão. A organização ficou a cargo da empresa LNC Eventos Esportivos, que tem como um de seus principais parceiros o atual técnico da seleção brasileira, Júnior Negão. De acordo com a Confederação, atletas, clubes, técnicos, dirigentes e árbitros que participaram do torneio estão sujeitos a sanções ou punições. Os principais jogadores do país atuaram na competição, que reuniu 10 times, dentre eles, Vasco, Botafogo, Bahia, Avaí e Sampaio Corrêa.
Negão usou o evento para observar os jogadores e descobrir novos talentos de olho na Copa do Mundo de 2013, de 18 a 28 de setembro, no Taiti. Segundo o treinador, a Confederação perdeu a credibilidade entre os atletas e parece estar na contramão de um processo que visa ao desenvolvimento do esporte.
- Não sei se vai ter ou não punição. A competição contou com a participação de campeões mundiais como Bruno Malias, André e Buru e os principais os jogadores do país estavam em Manaus. As torcidas se mobilizam para acompanhar os jogos, tivemos o \"Clássico dos Milhões\", entre Vasco e Flamengo, e as pessoas da cidade abraçaram o esporte. A CBBS está na contramão, não deveria punir alguém que vai lá para jogar e sim criar novos eventos para fazer o esporte crescer. A Copa Brasil contou com o apoio da CBF, e todos estão acreditando que a Confederação Brasileira de Futebol vai ajudar o futebol de areia a crescer. Estamos a três meses da Copa do Mundo, e os atletas precisam treinar e jogar - analisou Negão.
A notícia também pegou jogadores de surpresa.
- É uma pena receber uma notícia dessas. Tenho certeza que as autoridades competentes irão resolver o caso da melhor forma possível. Nós, atletas, temos o direito de trabalhar. Ouvi comentários, contudo, não fui informado oficialmente. Acredito na credibilidade das instituições, na correção das ações e no desenvolvimento da modalidade. A Copa Brasil foi uma grande competição, com nível técnico alto, bom público e tais brigas administrativas atrapalham o esporte. Precisamos de instituições fortes, com valores morais, bases sólidas e pessoas comprometidas com o coletivo e o desenvolvimento dos atletas enquanto homens. A modalidade deixou de ser uma brincadeira de praia há tempos, mas os atletas não são valorizados. Por vezes, jogam por amor, de graça, buscando um espaço - disse o capixaba Bruno Malias, atacante da seleção brasileira e destaque do Rubro-Negro na conquista do título.
O vice-presidente da CBBS, Ricardo Ribeiro, que assumiu a presidência no período de licença médica de Marcos Spironelli, disse que vai analisar caso a caso.
- A CBBS vai instaurar uma comissão julgadora, que será responsável por essa avaliação e pelas sanções cabíveis. Esta comissão vai analisar caso a caso e as punições previstas vão desde advertências e multas, até a suspensão dos envolvidos. A CBBS soube da Copa Brasil pela imprensa e tentou, por diversas vezes, contato com a empresa organizadora, sem sucesso. A prefeitura de Manaus se pronunciou afirmando que respondia apenas pela logística do evento, que toda a parte técnica era de responsabilidade da LNC Eventos.
Sendo assim, dessa maneira, sem saber detalhes do campeonato e nem ao menos ter sido consultada, a CBBS não poderia chancelar o torneio - explicou Ribeiro.
Uma das principais revelações do futebol de areia brasileiro, o cearense Anderson Wesley, que defendeu o Desportiva Ferroviária (ES), contou que recebeu um comunicado da CBBS por email, mas disse que a situação já está resolvida.
- Recebi o email e, em seguida, fui informado que a CBF estava ciente e iria se responsabilizar pelo evento. Essa conversa já foi resolvida e não houve punição. Me disseram que eu poderia jogar sem nenhum problema. A convocação (não oficial) saiu e a maioria estava jogando em Manaus - afirmou Anderson, que atuou ao lado de Buru e Mão.
Três atletas do Flamengo trocaram a disputa em Manaus pelo torneio qualificatório do Campeonato Russo, em Moscou, mas, segundo eles, a decisão de sair do país não está ligada às ameaças da CBBS. Rafinha Amorim e os gêmeos Bernardo e Leo Martins defenderam as cores do Delta Saratov, que se garantiu na primeira etapa da competição, de 5 a 9 de junho, em Volgogrado (antiga Tsarítsin e Stalingrado), no sul da Rússia.
- Eu já tinha decidido vir para a Rússia antes mesmo de sair a data da Copa Brasil. Infelizmente, os dois torneios aconteceram na mesma semana - contou Rafinha, de 24 anos, eleito o melhor jogador do qualificatório.