De onde menos se espera
.Carlos Alberto, apesar de toda fama de encrenqueiro, conseguiu ser absolvido da acusação de doping, em julgamento realizado ontem no TJD/RJ. Mais incrível que pela imagem do Cazalbé (que pode criar muitos problemas disciplinares, mas nunca teve problemas com dopagem) é ver o Tribunal decidir algo a favor do Vasco. Todos sabemos com que rigor as questões que envolvem o clube da Colina são julgadas.
Parabéns a advogada de defesa, Luciana Lopes, que fez um bom trabalho. Mas apesar da decisão ter liberado Carlos Alberto para atuar pelo time, vale lembrar que essa é uma decisão em primeira instância. E em se tratando dos promotores desportivos que temos por aqui, é quase certo que eles tentem recursos até chegar à ONU. Por ora, foi uma vitória. Mas essa foi apenas a primeira batalha do jogador.
Mas a questão não se restringe à inocência do Carlos Alberto no doping. Ter sido absolvido nos tribunais não é o mesmo que ser perdoado pela torcida. Faz tempo que o jogador tem um custo x benefício dos piores dentro do elenco: tem salários altíssimos e não tem correspondido em campo na mesma medida. Surge então a pergunta: a absolvição do Carlos Alberto será um fator decisivo para que seu contrato seja renovado?
Como toda questão, há prós e contras. A citada relação custo x benefício é a principal delas. Ganhando o que ganha e jogando o que vem jogando, a renovação seria um erro. Por outro lado, com o elenco que temos e as perspectivas imediatas que se apresentam, será que dispensar um jogador que, na pior das hipóteses, pode ser uma opção para o técnico é prudente? Será que Carlos Alberto está tão acabado para o futebol que não valeria a pena, em hipótese nenhuma, negociar uma redução salarial ou um contrato de risco?
Seu julgamento também deve ser levado em consideração na hora dessa decisão. Absolvido ontem, Carlos Alberto já tem condições de jogo hoje e pode ter alguma utilidade nesse começo de Brasileirão, enquanto não chegam reforços de verdade e antes da abertura da janela internacional. Mas e se depois, havendo um recurso da promotoria, Carlos Alberto pegue um gancho? E se o processo se arrastar por meses e meses até chegar à instância superior que decidirá a questão definitivamente?
Resumindo, a renovação do Carlos Alberto é um risco. Será com certeza mais um motivo para a torcida reclamar da diretoria e ainda pode ser a extensão de um prejuízo para os cofres do clube sem uma contrapartida em campo. Mas é um risco que pode ser calculado, desde que um novo contrato esteja dentro da realidade do atual futebol do jogador e que leve em consideração uma possível punição futura.
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Antes que perguntem: fosse eu quem decidisse, não renovaria com Carlos Alberto. A não ser que ele aceitasse um contrato de risco, condicionado ao seu desempenho em campo e com alguma cláusula que previsse uma possível punição mais longa pelo caso de doping.
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Renê Simões confirmou ontem o acerto com o atacante André, que deve chegar hoje ao Rio para fazer exames médicos e assinar o contrato de empréstimo até o fim do ano. Confirmada a contratação, só nos resta desejar boa sorte e juízo ao jovem jogador.