Há nove anos longe do Brasil, Raphael Botti é quase um cidadão asiático. Mal despontou no Vasco em 2001, o meio-campo foi vendido para o Jeonbuk Hyundai, da Coreia do Sul. Não só se adaptou rapidamente à cultura local - morou cinco anos naquele país -, como depois se transferiu para o Japão, onde disputa a sua quarta temporada.
Tanto tempo como estrangeiro no mundo oriental fez com que o jogador se acostumasse aos pratos exóticos, aos ideogramas \"indecifráveis\" e, principalmente, ao futebol-força. O que muitos não sabem é que o camisa 10 do Vissel teve que a aprender a conviver com um dos maiores vilões daquela região: os terremotos.
Enquanto o mundo lamenta o sismo do Chile - que vitimou pelo menos 723 pessoas -, Botti garante que em Kobe os abalos terrestres não são vistos como bicho-papão. Pelo contrário, o brasileiro conta que é comum sentir tremores onde mora pelo menos duas vezes por ano. E um dos lugares mais visitados da cidade é o Museu do Terremoto, em alusão à tragédia que aconteceu em 17 de janeiro de 1995 naquela localidade. Na época, um tremor de 7.2 graus na Escala Richter- que durou somente 20 segundos - matou 4.571 pessoas e deixou 14.678 feridos.
- Os terremotos deixam a gente um pouco tonto, mas eles têm duração de apenas alguns segundos. Quem mora em lugares mais altos, sente maior tremor do que as pessoas que estão nos primeiros andares dos edifícios. Nada muito forte. (Terremoto) É tão natural por aqui que a gente brinca com essa situação nos treinos - revelou o atleta.
De acordo com o meio-campo, as cidades do Japão estão preparadas para suportar pequenos e médios tremores. Diferentemente dos países sul-americanos, a estrutura dos prédios nipônicos é voltada justamente para evitar este tipo de tragédia.
- No início, nós ficamos um pouco assustados. Mas a cidade foi reconstruída para enfrentar os terremotos. Os edifícos são mais resistentes do que em outros lugares e recebemos panfletos com instruções de evacuação em diversas línguas - afirmou.