Brasileiro tem média de faltas maior que dos campeonatos europeus

Jogo franco, baixo número de faltas e muitos gols deveriam ser características da liga de um país que se vangloria pelo futebol arte e pelos cinco títulos da Copa do Mundo, mas não é essa a realidade do Campeonato Brasileiro de 2012.

O Brasileirão deste ano pode ter sido recheado por estrelas internacionais como Diego Forlán e Clarence Seedorf. Ainda assim, o que esses jogadores encontraram nos campos verde-amarelos é bem diferente daquilo com que eles estavam acostumados na Europa.

Por enquanto o colorado Forlán e o botafoguense Seedorf não reclamaram do estilo de jogo do futebol do Brasil - pelo menos não publicamente -, mas seus companheiros de trabalho têm protestado contra um aparente vilão nacional: o excesso de faltas marcadas pela arbitragem.

“Não pode encostar que é falta. Acho que eles - árbitros - têm de assistir um pouco de futebol europeu\", reclamou o lateral esquerdo flamenguista Ramon depois de jogo contra a Ponte Preta, em 5 de setembro.
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City e Stoke só empatam pela quarta rodada da Premier League
Manchester City e Stoke, duelo da Premier League

“O Neymar simula bastante durante o jogo. Ponto. Todo mundo tem acesso aos vídeos, é só ver. Esse é o antijogo e tem isso em todos os times. Na Europa, o público é contra isso”, reclamou o zagueiro Paulo André, do Corinthians ao final do clássico de 19 de agosto, com Santos. O alvo do corintiano era Neymar, jogador vaiado em jogos recentes da seleção brasileira em campos europeus pelo famoso ‘cai-cai.’

A indignação com a simulação de faltas é compreensível: os europeus não estão acostumados a ver juízes parando o jogo com tanta frequência. Nenhum dos grandes campeonatos do Velho Continente tem tantas infrações quanto o Brasileiro.

Até a 23ª rodada, a média do atual Brasileirão era de 37,2 faltas por partida, segundo dados do Footstats. Número bem mais alto que a média de 27,48 do Espanhol ou que a de 29,55 do Italiano em suas primeiras rodadas da temporada 2012/2013. A comparação com o Campeonato Inglês é ainda mais impressionante. Na Premier League a média é de 20,75 infrações por jogo, quase a metade do Brasil.

Equipe mais limpa do Brasileirão - novamente até a 23ª rodada -, com 14,6 faltas por partida, o Santos seria o segundo mais violento das três primeiras rodadas da Premier League, atrás apenas do West Ham, com 15,33. A liga que mais se aproxima do Brasileirão é a alemã, com média de 31,8.
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Jonas na marcação de Messi: Valencia perdeu para o Barça
Jonas na marcação de Messi em Valencia x Barça

Coincidência ou não, a média de faltas é inversamente proporcional à média de gols em quase todas essas competições. O Campeonato Inglês lidera a lista com 2,79 gols, seguido pelo Espanhol, com 2,67 e pelo Italiano, com 2,58. A exceção é o Alemão, que é o mais faltoso entre as grandes ligas, mas também tem mais gols, 2,95 por partida. O torcedor brasileiro não só vê mais faltas, como comemora menos bolas na rede: até aqui são 2,4 gols por jogo.

Com a palavra, a arbitragem

Representantes da arbitragem se dividem sobre o assunto. Flávio Rodrigues Guerra, de São Paulo, único juiz com \"média européia\" - 28 por confronto - entre todos do Brasileirão, diz estudar os jogadores antes de apitar suas partidas para se precaver contra o \"cai-cai\". Ele vê o alto número de faltas no campeonato nacional com maus olhos. \"Um jogo muito faltoso tem muito cartão, pode ter expulsão e realmente fica um jogo chato.\"

Wilton Pereira Sampaio, do Distrito Federal, um dos que mais apita infrações no Brasileiro - média de 44,11 por partida -, pensa de forma bem diferente. \"Acho que não prejudica, não tende a perder o nível. O que não pode é deixar passar batido faltas mais fortes, faltas de amarelo, de vermelho, jogadas em que possa sair gol. Tem que ficar atento, sem deixar de preservar o craque. E não vejo o ‘cai-cai’ como problema. É da cultura do brasileiro.\"