São Januário esteve longe de ser o caldeirão costumeiro do Campeonato Brasileiro e, num jogo monótono, diante do terceiro pior público no estádio do ano, com 875 testemunhas, o Vasco venceu o Atlético Paranaense por 2 a 0 e avançou à próxima fase da Copa Sul-Americana. Mas, quem diria?, num espetáculo (?) tão vazio, foi um dos folclóricos habitantes da arquibancada que roubou a cena no estádio.
Boné na cabeça, idade já um pouco avançada e camisa regata vascaína sobre um casaco verde, ele já se animava minutos antes de o jogo começar. Bola rolando e os dois times, com jogadores reservas, pareciam ter preguiça de ir ao ataque.
Com a vantagem de ter vencido fora de casa por 4 a 2, o Vasco administrava a partida. Inquieto, o torcedor virava para trás e imitava um maestro, como se pudesse reger os outros vascaínos.
Empolgado, ele parecia se divertir sozinho e só virou para ver An-drade cobrar falta com perigo e quase vencer o goleiro Viáfara.
Sem inspiração, o Atlético deu a resposta também em uma bola parada, quando Netinho cobrou falta e obrigou Silvio Luiz a espalmar a bola, para desespero do vascaíno, que levou as mãos ao rosto.
Veio o intervalo e a alegria do torcedor foi hostilizar o técnico Ney Franco, ex-Flamengo. Na volta para o segundo tempo, o Vasco voltou um pouco mais vibrante e, aos berros, o tiozinho tentava impulsionar o time. Diante do pouco público, seus gritos eram facilmente ouvidos e devem ter dado gás ao time.
Cansado de esperar o Atlético, o Vasco se lançou ao ataque e contou com Marcelinho.
Primeiro, ele aproveitou cruzamento da direita para marcar o primeiro.
Depois, recebeu do lado esquerdo, passou por dois marcadores e chutou. Na comemoração, fez a famosa Dança do Siri e levou o torcedor, que balançava uma bandeira, a cair na gargalhada. Olhando de novo para trás, ele voltou a reger os companheiros de arquibancada.
Era a alegria, livre e espontânea, de um torcedor que voltará a ver seu clube no cenário internacional após seis anos. A bola da vez, agora, será o argentino Lanús.