O desencanto com o trabalho de Marcelo Cabo, antes restrito aos torcedores do Vascio em função dos maus resultados, contagiou o clube como um todo.
O treinador tem 55% de aproveitamento nos pontos disputados nestes três meses em São Januário, e não consegue fazer o time evoluir.
Isso e vai minando a confiança de quem administra a instituição com a obrigação de reconduzi-la à Série A do futebol brasileiro.
O risco de permanecer na Série B em 2022 é mais alto a cada jogo e medidas já estão sendo avaliadas para minimiza-lo.
É, de fato, o que se espera da dupla Jorge Salgado e Alexandre Pássaro, os responsáveis pelo futebol vascaíno.
Existe, sim, a possibilidade de o treinador ser demitido em caso de tropeço diante do Brusque, na noite deste domingo (27), em São Januário.
A hipótese é real, e o nome de Luis Carlos Cirne, o gaúcho Lisca, é o mais cotado nos bastidores para substitui-lo.
Mas é uma predileção sem convicção - como ocorre em vários clubes.
Geralmente, olham para o currículo do profissional e esperam que ele seja capaz de repetir no clube X o que fez no clube Z.
Quando na verdade a escolha deveria ser pensada à partir da complexidade da missão.
Passando, é claro, pelo perfil do elenco, pela capacidade de gestão do executivo do futebol e pelo fôlego do clube para investir em reforços.
Lisca é bom técnico, mas terá os mesmos problemas de Cabo.
Simplesmente porque tem sido assim desde que o ex-presidente Eurico Miranda e o esperto Carlos Leite, parceiro do clube (sic) desfizeram o time que o então executivo Anderson Barros e o técnico Zé Ricardo conseguiram classificar à Libertadores de 2018.
À partir daí, nenhum outro fez milagre.
Jorginho, Valentim, Vanderlei Abel, Ramon, Sá Pinto... todos sucumbiram à precariedade técnica do elenco somada à falta de estrutura do departamento..
Por isso, o clube precisa avaliar de fato até onde vai a responsabilidade do treinador na má campanha na Série B.
Pássaro ainda não tinha estofo para assumir a gestão do futebol do Vasco neste momento sem ter a seu lado alguém com mais vivência e conhecimento técnico.
O modelo de jogo de Cabo, com um 4-3-3 indolente e ineficaz, não é o mais indicado e o próprio torcedor clama para que o técnico adote sistema mais cauteloso.
Mas quem o convencerá disso?
Quem, nesta estrutura, será capaz de atestar que a preparação física do time está sendo bem feita?
Pois é isso que, ao parece, já foi identificado.
Encontrar um nome que faça diagnósticos precisos na estrutura do futebol profissional é hoje mais importante do que condenar o trabalho do treinador...