Nosso bate-papo de hoje é com um dos melhores volantes da história recente do Vasco: Zé do Carmo. O ex-jogador, revelado pelo Santa Cruz, chegou ao Vasco em 1988 e defendeu a equipe por 4 temporadas. No gigante da colina, conquistou com maestria o Carioca de 88 e o Brasileirão de 89. Não demorou muito para se tornar uma espécie de líder da equipe. As boas partidas com a camisa cruzmaltina fizeram com que o atleta ganhasse oportunidades pela Seleção Brasileira.
Nascido em Recife, em 1961, Zé do Carmo foi descoberto por "Seu" Albuquerque, irmão de Almir Pernambuquinho, outro ídolo da história do Vasco. Logo, começou a despontar nas categorias de base do Santa Cruz. Em 1983, conquistou seu primeiro título com a equipe coral, vencendo o Campeonato Pernambucano, em um time que também contava com o zagueiro Ricardo Rocha. No clube, brilhou durante 7 anos e também virou ídolo.
Com os títulos, logo chamou a atenção do Vasco e acabou se transferindo para São Januário , onde viveu o auge de sua carreira. Além do Vasco e do Santa Cruz, Zé defendeu o Acadêmica de Coimbra (Portugal), CRB (AL), Ituano (SP) e Uniclinic (CE), agora chamado de Atlético Cearense.
Em todos os clubes por onde passou, Zé do Carmo exerceu um papel de liderança e até hoje é admirado por todos do mundo do futebol. Por conta disso, seu nome é sempre lembrado. Já acumulou várias funções como técnico, coordenador de futebol e comentarista esportivo de TV e Rádio, por exemplo.
Agora, Zé do Carmo está aqui para falar um pouco mais sobre sua trajetória no Vasco, seu papel de liderança no time campeão de 89, os amigos dentro de campo e o que o Vasco deve fazer pra voltar a ser protagonista.
Confira!
Como foi pra você vestir essa camisa gigante do Vasco da Gama?
Zé do Carmo: Vestir a camisa do Vasco pra mim foi de uma satisfação muito grande, sabe por que? Porque eu já torcia pelo Vasco desde 1977. Eu comecei a torcer pelo Vasco quando um amigo, chamado Ramon, que era jogador do Santa Cruz e jogou comigo, foi pro Vasco da Gama e acabou sendo campeão invicto em 77, naquele time com Roberto Dinamite, com Zanata, com Abel Braga, Mazaropi...Acompanhei toda aquela trajetória do Vasco. Então a satisfação foi muito grande jogar num time que eu já torcia. Esse foi o grande ponto positivo que eu fiquei muito empolgado. Isso pra mim foi sensacional.
Você quando chegou a São Januário, em 88, tornou-se uma espécie de líder da equipe e foi um dos principais jogadores na conquista do Brasileiro de 89. Na sua visão, quais fatores propiciaram essa boa adaptação?
Zé do Carmo: Chegar em São Januário em 88 foi sensacional. A conquista do título pra mim foi a afirmação. Eu cheguei em São Januário e eu já estava acostumado a ser capitão de time. Então pra mim, não foi diferente assumir a posição de capitão em algumas situações. Foi muito bom pra mim. Sebastião Lazaroni foi o cara que me deu a oportunidade por lá e o Zanata, que foi um treinador que esteve no Vasco, foi quem me deu a faixa de capitão pela primeira vez. Isso pra mim foi sensacional, porque eu realmente fiquei muito a vontade de ser capitão. A primeira vez que eu fui capitão foi em Recife, contra o Sport, na ilha do Retiro, e nós ganhamos por 3 a 2. A minha rápida adaptação no Vasco da Gama foi por conta do bom acolhimento que eu tive. Um ambiente muito bom. Fiz amigos como Paulo Angione, executivo de futebol hoje no Fluminense, Roberto Dinamite, que me recebeu de uma forma que até parecia que eu já tinha quase 5 anos de clube, Geovani, Romário começando e tinha os meninos da base também que foram sensacionais comigo como Bismarck, William, que foram pessoas maravilhosas, Cássio, Acácio, Paulo Roberto, Mazinho, Vivinho... Então, foi tudo bom nesse sentido aí.
Durante sua trajetória no Vasco, qual momento que você guarda com carinho até hoje e aquele que não trá boas recordações?
Zé do Carmo: O momento que eu guardo com mais carinho foi principalmente o primeiro título. O primeiro título eu fui abraçado de tal maneira, que o carinho foi espetacular de todas as pessoas para comigo. Foi maravilhoso. Aquilo ali pra mim foi excelente. E uma grande decepção que eu tive foi quando nós perdemos o tricampeonato, que eu tive que pegar um caminho diferente, senão os torcedores iam agredir os jogadores que estavam passando com carro. Então, aquele pra mim foi o momento mais negativo que tive no Vasco no ano de 89, onde perdemos um jogo pro Entrerriense em São Januário e o torcedor ficou nos esperando. Pra mim foi um momento muito triste, que eu guardo nas minhas recordações macabras que tive.
Você viveu uma época, onde o Vasco era uma verdadeira seleção e papão de títulos. Como grande jogador que foi, o que acha que deva ser feito para o clube hoje voltar a ser protagonista em todas as disputas?
Zé do Carmo: Hoje o cenário é completamente diferente. Mas a base ainda é o grande alicerce de um time de futebol. Então, o Vasco da Gama precisa trabalhar mais com os seus meninos da base. A grande maioria dos jogadores que tinha no Vasco da Gama sempre foi da base. Se eu der uma relação de jogadores aqui, você vai ver que tudo começou com a base. Eu, mais uma vez, prezo pela base, porque é de uma importância muito grande.