O presidente do Vasco, Alexandre Campello, resolveu contra-atacar. Alvo desde o ano passado de denúncias e pedidos de aberturas de sindicâncias, o dirigente pela primeira vez reagiu de forma dura contra o seu principal desafeto no clube atualmente: o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro.
Nos últimos dias, o sócio remido Luís Rocha protocolou na secretaria um pedido para que Campello dê prosseguimento a um processo de investigação sobre o episódio ocorrido em fevereiro do ano passado, após uma vitória do Vasco por 2 a 0 sobre o Universidad Concepción (CHI) pela Copa Libertadores, onde ele alega ter sofrido agressões de Monteiro no setor social de São Januário.
Campello recebeu o documento e o acatou, encaminhando esta semana aos poderes do clube um ofício pedindo uma investigação sobre o caso, que pode culminar numa punição e até eliminação de Monteiro do quadro social.
No ofício, obtido pelo UOL Esporte, destaca-se o trecho: "Assim, o presidente da diretoria administrativa solicita ao vice-presidente do Conselho Deliberativo, no uso das atribuições da presidência deste conselho por força do impedimento de seu presidente, que convoque sessão extraordinária deste poder, no prazo estabelecido pelo estatuto social, para que avalie a instauração da comissão de Justiça nos termos do estatuto, notadamente do seu artigo 85, inciso 'e', para apuração de AGRESSÃO e aplicação de penalidade de ELIMINAÇÃO prevista no estatuto, como requereu o denunciante em sua última carta".
Na ocasião da suposta agressão, Luís Rocha fez um registro de ocorrência na 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e colocou como testemunha o vice-jurídico do Vasco, Rogério Peres.
Roberto Monteiro, por sua vez, sempre negou as acusações.
Monteiro não poderá presidir a possível sessão
Caso a denúncia tome prosseguimento, um fato curioso acontecerá: se for levado para apuração, o assunto cai justamente no Conselho Deliberativo, do qual Roberto Monteiro é presidente. Por conta disso, de acordo com o estatuto, quem toma frente do caso é o vice-presidente do órgão, no caso, Sérgio Tavares Romay.
Já foram aliados
Antes de se tornarem grandes desafetos, Alexandre Campello e Roberto Monteiro já foram aliados. Isso aconteceu durante a campanha presidencial, onde Campello foi o candidato e Monteiro o seu mentor na chapa.
Quando resolveram romper com Julio Brant, entraram unidos na direção do clube, fato que fez com que vários de seus pares ocupassem cargos na diretoria. A união, porém, durou apenas três meses e 13 vice-presidentes debandaram contra Campello.
Monteiro, por ter um cargo estatutário e estratégico, se manteve no cargo, e desde então, tem sido uma pedra no sapato do atual presidente do Vasco, já que seu grupo político é o que mais oferece denúncias contra o mandatário.