Clubes e CBF tiveram nesta terça-feira, em Brasília, uma reunião de aproximadamente 3h com o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), relator do clube-empresa. Os dirigentes colocaram à mesa as preocupações com diversos itens do texto e, por outro lado, o parlamentar fez uma apresentação do modelo atualizado do projeto.
Pedro Paulo pontuou aos dirigentes que entende ser fundamental a adoção do refinanciamento das dívidas para os clubes que se tornarem empresas. Mas ainda não conseguiu um convencimento geral.
- O problema é que os clubes se preocupam com a mensagem que é passada. Que seria nova ajuda. Mas ele fala da importância de trazer o passivo para o clube empresa, que é um ponto importante para sustentação do projeto. Isso ainda está sendo discutido - disse o presidente do Vasco, Alexandre Campello.
Apesar disso, a sensação por parte dos clubes é que o dispositivo legal proposto ficou um pouco mais viável diante da realidade atual. No entanto, mais discussões vão acontecer nas próximas semanas, em que pese o desejo de Pedro Paulo de colocar o item para votação até a primeira quinzena de outubro.
A representação dos clubes nesta terça teve, além de Campello, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, do Bahia, Guilherme Bellintani, e do Palmeiras, Mauricio Galiotte.
- O importante disso tudo é que foi colocado um entendimento de que é um projeto vivo, estamos construindo juntos. Temos a convergência em vários pontos. Algumas coisas foram retiradas e outras aprimoradas. Especialmente na não obrigatoriedade de que o clube se torne empresa. Nunca fomos contra a construção do projeto, mas a questão é como fazer isso. Nosso questionamento sempre foi que os clubes fizessem parte da solução. Temos a expertise, sabemos onde o calo aperta - comentou Campello.
Os dirigentes ficaram satisfeitos com a retirada da proposta de Fundo Garantidor, que foi substituída pela possibilidade de que o clube faça uma concessão da marca para um investidor, caso chegue a uma situação inviável financeiramente.
Ao mesmo tempo, há um olhar com ressalvas para a inclusão da chamada "isenção condicionada" de impostos. A ideia do deputado é que os clubes que se mantiverem como associação sem fins lucrativos tenha alívio nos impostos se adotar práticas de governança. Segundo Campello, o fato de a CBF passar a aplicar em 2020 o fair play financeiro, exigindo o cumprimento de normas contábeis e de compliance, não justificaria a interferência do poder público no tema.
- É um ponto que discutimos, não deveria acontecer. Já sugerimos hoje - disse o presidente vascaíno.
Antes da reunião principal, Pedro Paulo esteve ao lado do presidente do Fluminense com o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Guilherme Caputo Bastos, para discutir especificamente a parcela trabalhista do projeto de lei. A ideia é retirar direitos trabalhistas de quem tiver salários acima de R$ 11,6 mil. Os clubes seguem temerosos com as implicações desse item do texto.