Não bastasse estar envolvido em toda confusão do Campeonato Carioca, o presidente do Vasco, Alexandre Campello, terá que encarar tanto a Justiça quanto o Conselho Deliberativo do clube por conta da lista de sócios aptos a voto e que, na interpretação da Junta Deliberativa vascaína, foi entregue incompleta na semana passada.
A demora em atender às exigências dos presidentes dos poderes resultou em uma ação por parte do presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, e do presidente do Conselho Fiscal, Edmilson Valentim, cobrando o documento com todos os itens.
A 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, então, determinou que o mandatário cruz-maltino tem cinco dias de prazo para apresentá-lo com tudo o que foi exigido, apesar de caber recurso.
Além disso, o mandatário está sujeito a um inquérito no Conselho Deliberativo após faltar à reunião da Junta Deliberativa de ontem (22) e não enviar os itens restantes da lista de sócios mais uma vez.
Um ofício já foi enviado e será formada uma comissão de justiça para avaliar possíveis penas, incluindo suspensão e até mesmo expulsão do quadro de sócios do Vasco. A Junta Deliberativa interpretou que houve uma "transgressão estatutária" ao artigo 99, incisos 19 e 20 do clube.
"Nesse primeiro momento aqui, administrativamente, a gente precisa da lista para aprofundar os possíveis eleitores de uma Assembleia Geral Extraordinária. É a mesma lista, mas a lista lá [exigida judicialmente] a gente entende que ela tem um compromisso com a Justiça. Se você apresentar, como pode ter sido apresentado na Junta Deliberativa, dados não fidedignos, incorre uma possível produção de prova fraudulenta. Então, tem que ter todo um cuidado. Processo judicial é uma coisa. A Junta vai julgar diante daquilo que vê. Nós não somos peritos, nem nada para saber. Aí é outra coisa, outra história", declarou ao UOL Esporte o presidente do Conselho Deliberativo e integrante da Junta, Roberto Monteiro.
Campello se livrou de impeachment em 2019
Foi por pouco, mas Alexandre Campello conseguiu se safar de um impeachment ano passado. Em uma votação apertada em junho de 2019, o Conselho Deliberativo do Vasco decidiu, por 105 a 97, a não abrir uma sindicância contra o presidente do clube que poderia culminar em seu impedimento futuramente.
Campello tinha sofrido uma denúncia de 60 conselheiros que consistia num possível prejuízo de cerca de R$ 4 milhões por acordos judiciais não cumpridos após a demissão de funcionários.
Ele teve o apoio da maioria dos beneméritos — como o de Euriquinho, filho do ex-presidente Eurico Miranda —, além dos então aliados dos grupos Cruzada e Desenvolve Vasco, que meses depois romperam com ele. O herdeiro do falecido dirigente, inclusive, teve papel importante na mudança de votos de muitos conselheiros após seu discurso na tribuna.