O presidente do Vasco Alexandre Campello abordou em entrevista ao Lance alguns assuntos, tais como: valor do título de sócio-geral, modernização de São Januário, ‘mensalão’ e sua relação com o ex-presidente do clube Eurico Miranda.
De que maneira se chegou a esse valor de dois mil reais para o título de sócio geral?
Hoje, o Vasco tem um programa de sócio bastante amplo, que atende a cada tipo de vascaíno. Tanto aquele que quer ver todos os jogos, o que vai eventualmente, e também o de fora do Rio. É preciso que a gente crie uma comunicação melhor com esses sócios, com mais benefícios do que já existe. Eles precisam ficar mais participativos dentro da vida do clube. O marketing está trabalhando bastante nisso. Por outro lado, vejo que estão usando muito isso politicamente. Há uma exploração que não ajuda em nada o Vasco, só atrapalha. Em vez de criar toda essa baderna, era melhor captarem mais sócios, se são vascaínos como dizem. Não acho que é caro (o plano de sócio geral). O Vasco facilita em quatro vezes o pagamento da taxa de adesão. A mensalidade de R$ 70 reais não é caro, ser sócio com direito a voto, não acho caro. Quer pagar menos? Existem outros planos mais baratos dentro do programa.
Existe, neste trabalho que será feito para modernizar o processo eleitoral do clube, a possibilidade do sócio torcedor votar? Vê a medida com bons olhos?
Foi montada uma comissão para estudar as mudanças no estatuto. Ela vai receber sugestões de todos os conselheiros. Qualquer conselheiro que quiser dar sugestão vai poder encaminhar. Isso será fruto de discussão e terá que ser aprovada dentro do conselho. Óbvio que quando se fala em mudança de estatuto, todas as possibilidades devem ser analisadas. Vejo com bons olhos (o sócio torcedor votar), sem nenhum problema.
O aumento expressivo na taxa de adesão do sócio geral tem como uma das funções impedir possíveis novos 'mensalões'?
Com certeza. Não só isso, como a mudança no estatuto aumentando tempo de contribuição para que tenha direito a voto. Temos que criar mecanismos para defender o clube dessas medidas.
Essa verba oriunda do sócio geral será aplicada em coisas mais ligadas ao clube, como o quadro social, ou onde for mais necessário naquele momento?
Para ser sincero, no que tiver mais necessidade hoje. O que entra é utilizado pra fazer o clube funcionar, essa é a verdade.
O torcedor vascaíno sempre questiona sobre obras e a modernização de São Januário. Existe algum planejamento para esse tema a longo prazo?
Isso é controverso. Durante o ano, quantas vezes você vê São Januário com excesso de público? Acho que precisa ser modernizado, precisamos investir. Amanhã, podemos criar algum projeto. Mas para ampliar, tem que tratar do entorno. Não adianta aumentar a capacidade do estádio para 40 mil pessoas e ter dificuldades fora. Então talvez seja melhor explorar a capacidade de 25 mil pessoas de uma forma melhor do que a ampliação. Mas não está descartada.
O último processo eleitoral do Vasco foi muito desgastante.Seu nome acabou sendo associado ao de Eurico Miranda Acredita que seu grande legado, independente de títulos, é provar que deixou o clube novamente com ares de democracia?
Esse tipo de associação vai deixar de existir a medida que as demonstrações acontecerem. Em um mês, já demos demonstrações bastante significativas de isenção e autonomia da gestão do clube. Essa abertura já acontece desde o primeiro dia. Desbloqueamos mais de 10 mil internautas nas redes sociais. Abrimos pra vocês da imprensa pra ter livre circulação. Vocês estarem me entrevistando é uma demonstração disso, acho que vocês não seriam recebidos. Os ex-ídolos têm portas abertas. O torcedor visita São Januário com maior tranquilidade. Pretendemos aumentar essas atitudes de proximidade com o torcedor e quebrar essa desconfiança. Isso que acho que é importante. O Vasco está à disposição do vascaíno.