O cancelamento da reunião do Conselho Deliberativo nesta terça-feira, por falta de quórum, revoltou o presidente do Vasco, Alexandre Campello. Ele acusou os dois principais grupos de oposição, Identidade Vasco e Sempre Vasco, de boicotarem o encontro, que votaria a aprovação de um empréstimo de R$ 20 milhões ao clube.
- É lamentável o que aconteceu hoje. Mais uma vez esses grupos de oposição, especialmente Identidade Vasco e Sempre Vasco, se uniram para boicotar a reunião. Nós tivemos 26 ausências da Sempre Vasco, dos 45 conselheiros, e 43 de 47 da Identidade Vasco. E oito ausências de outros grupos. Claramente foi um movimento orquestrado contra o Vasco – afirmou Campello.
Para que a votação se realizasse, era necessário quórum de 151 dos 300 conselheiros. Apenas 126 compareceram. Outros 82 justificaram a ausência. A reunião estava marcada para 20h, com segunda convocação às 20h30. Às 20h35, foi cancelada.
Agora, Campello afirmou que a prioridade é conseguir captar os R$ 10 milhões que foram aprovados em reunião da semana passada. Segundo ele, há a expectativa de conseguir o dinheiro até o fim da semana, para pagar funcionários, jogadores e comissão técnica.
- Vamos trabalhar em cima dessa autorização dos R$ 10 milhões. São trâmites burocráticos com o banco. Vamos acelerar para ver se conseguimos pagar funcionários, jogadores e comissão técnica antes do fim da semana. Depois, num segundo momento, tentar aprovar esses R$ 20 milhões restantes.
Confira a entrevista completa com Campello:
Próximo passo para aprovar o empréstimo
- Convocar nova reunião em caráter de urgência. Vai depender da consciência do presidente do Conselho (Roberto Monteiro). Ele é um dos membros influentes da Identidade Vasco, então não sei.
Críticas à oposição
- Venho falando isso há muito tempo. Esses grupos vêm trabalhando sistematicamente contra o clube, tentando impedir que o clube ultrapasse suas dificuldades. Vêm causando prejuízos enormes. Na última reunião, motivada suspostamente por gestão temerária, eles esquecem de dizer que esses acordos não foram pagos por conta de ação semelhante no ano passado. Só com atraso da liberação daquele empréstimo (em 2018) o clube perdeu R$ 6 milhões, que seriam mais que suficientes para pagar esses acordos. Descumprimos uma série deles por absoluta falta de recursos.
Depois vão levar cesta básica para funcionário, dizem que estão preocupados com funcionário. Política eleitoreira. Não se preocupam com o estrago que estão fazendo com o clube. Essas pessoas precisam ser responsabilizadas. Se a gente tiver impacto disso, que se lembrem da culpa desses caras. A torcida vai encher o estádio, vai incentivar, mas esse tipo de atitude desestabiliza a equipe, que tem a expectativa de receber salários e vê pessoas do clube trabalhando contra o próprio clube.
Conselheiros relataram ligações anônimas em tom ameaçador
- Não tenho conhecimento. Eu recebo um monte de mensagem me ameaçando o tempo todo. Torcedor fala o que quer. Não sei o que fizeram. Se foram ameaçados, eles deveriam procurar a polícia.
Fundo de investimento para reduzir a dívida
- Íamos apresentar um fundo de investimento, uma solução para todo o endividamento do clube, que poderia ser solucionado de uma vez por todas. Simplesmente os caras trabalham para que isso não ocorra. Falo com absoluta tranquilidade. Ligaram para vários conselheiros aconselhando a não irem. O Mourão (José, conselheiro) recebeu uma ligação dessa, me disse pessoalmente.
Justificativas para a ausência
- São mais de 70 justificativas. Cada uma mais diversa. Cada um inventa o que quer. A verdade é que um ou outro não deve ter ido por motivo justo, mas a absoluta maioria não foi por orientação política.