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Campello não vê relação entre interesse no Maracanã e São Januário

O Vasco quer gerir o Maracanã em conjunto com outros clubes. Mas também planeja a reforma de São Januário, apresentada com pompa no fim de 2018. Para o presidente Alexandre Campello, os dois assuntos são independentes e não influenciam um no outro.

- São assuntos independentes. O Vasco sempre teve São Januário e sempre jogou no Maracanã. Não acho que haja uma dependência do que vai acontecer no projeto e o consórcio Maracanã - disse Campello, após evento em São Paulo.
 

O presidente cruz-maltino voltou a defender que o Maracanã seja administrad pelos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro. Para ele, é necessário ter experiência para gerir o estádio.

- Acho que o Maracanã é um equipamento do estado, que pertence ao povo carioca. Deve servir aos clubes do estado do Rio de Janeiro. Tivemos uma experiência em que o Maracanã foi administrado por um consórcio, e não foi uma experiência, a meu ver, satisfatória, porque os clubes acumularam prejuízo ao longo desses anos. A gente precisa ter uma gestão em que os clubes estejam envolvidos para os resultados serem melhores. Esse é nosso expertise. Tratar de arena, de evento, deve ser do conhecimento dos clubes. Eles devem deter esse conhecimento e colocar em prática, para que a gestão seja produtiva e que passe a ser uma fonte de receita para os clubes.
 

Confira outros assuntos abordados por Campello:

Relação com os clubes

- A relação entre os presidentes normalmente é boa, amistosa, mas falta uma aproximação maior, para que tratem de assuntos que sejam de interesse comum. Entendo que hoje existe uma transformação no futebol. Quem está assumindo o futebol tem uma visão diferente da que existia no passado. Acho que é o momento de os presidentes de clube pensarem em se unir para serem tratados, de forma coletiva, assuntos de interesse dos clubes.

Já começa a ter (esse movimento). Mantive conversas com outros presidentes. A ideia é que a gente comece a fazer alguns encontros para aglutinar, trazer as pessoas para discutir assuntos comuns aos clubes. Já existe um movimento do pessoal de finanças, os diretor financeiros, que têm se encontrado, mas acho que isso tem que ser mais abrangente.

Renovação com Maxi López

- O Maxi tem contrato até dezembro de 2019. Temos interesse, sim, em manter o Maxi, mas não existe uma urgência, uma vez que o contrato dele não se encerra agora, só se encerra no final de 2019. Pretendemos, sim, nos antecipar.

Fizemos uma proposta oficial. Isso não avançou. Acho que esse não é o momento de se discutir renovação de contrato. O momento é de focar na decisão que temos no domingo e, se Deus quiser, nos dois próximos finais de semana, e depois disso, podemos pensar com calma.

Antes destes seis meses em que pode ser assinado o pré-contrato, ainda tem bastante tempo. A prioridade agora é a decisão que temos pela frente.

Marrony e Tiago Reis

- Não temos proposta por nenhum atleta do Vasco. O Marrony tem contrato até 2023, e é nossa intenção manter o jogador. Com o Tiago Reis, também não (há proposta). Conseguimos renovar o contrato de todos esses jogadores da base por três ou quatro anos.

Passamos por um momento de transição, o ideal é que a gente não precise vender jogadores da base, mas clubes que estão mais estruturados do que o Vasco têm como uma das receitas a venda de seus ativos. Isso, hoje, compõe a renda dos clubes, o orçamento dos clubes. É natural que aconteça. O que a gente pretende é que sejam valores à altura do que esses jogadores representam. Por isso, tivemos o cuidado de renovar o contrato desses atletas. Se houver qualquer oferta, será analisada, e só ocorrerá a venda se for interessante para o clube.

Problemas financeiros

- O Vasco ainda tem uma dificuldade financeira grande. Quando assumimos o clube, ele tinha uma dívida real de R$ 640 milhões, com um perfil de curto prazo muito importante, que sufoca o clube. Temos trabalhado no sentido de melhorar esse fluxo de caixa, renegociando as dívidas. Mas ela ainda nos pressiona bastante, o que faz com que, em determinados momentos, tenhamos alguma dificuldade.

É bom lembrar que, em 2019, houve uma mudança no fluxo dos recebíveis das cotas de TV. Com essa mudança, os clubes terão algum tipo de dificuldade, porque as receitas estarão concentradas no segundo semestre, o que provoca uma dificuldade no fluxo de caixa dos primeiros seis grandes. Num clube como o Vasco, em que existe endividamento, existe uma antecipação de recursos, a gente não tem nem o que receber de cota de TV nestes primeiros meses.

Isso traz dificuldades que têm sido superadas, com muito esforço, trazendo novas receitas de sócio-torcedor, de patrocinadores, mas que muitas vezes não são suficientes. O Vasco tem um custo mensal de R$ 12 milhões. Quando você não tem nenhum recebimento da TV e precisa cobrir esses custos apenas com sócio-torcedor, com receita de jogo, com patrocinador, se torna uma tarefa bastante difícil.

Empréstimo

- Esse empréstimo era para cobrir um déficit orçamentário que existia em 2018. Começamos o ano com déficit de R$ 120 milhões. Com a venda do Paulinho, com a efetividade da gestão, restaram R$ 38 milhões a serem cobertos, e que seriam cobertos a partir destes empréstimos.

Houve uma demora na autorização dentro do conselho deliberativo. Quando foi autorizado, isso criou certa instabilidade, certo receio do mercado, aumentando as taxas de juro. Negociamos isso por algum tempo. Trouxemos uma parte desse empréstimo, inicialmente R$ 19 milhões, e depois mais uma segunda parcela, e ainda restam, se não me engano, R$ 3 milhões para serem captados.

Esses R$ 38 milhões eram para cobrir despesas de 2018. Já estamos em março de 2019. Só está sendo possível manter o clube em função de um esforço muito grande em trazer novas receitas.

Fonte: (ge)
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