O delegado Mauricio Luciano de Almeida e Silva, da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão), ouvirá nos próximos dias os candidatos à presidência do Vasco dando prosseguimento a apuração sobre a suspeita de fraude na eleição do clube. Os depoimentos mais aguardados são o de Eurico Miranda e Roberto Monteiro, acusados de terem financiado a entrada de mais de três mil sócios no mês de abril de 2013, num episódio já apelidado de "mensalão vascaíno".
Na última segunda-feira, Mauricio esteve em São Januário e ouviu o presidente do Cruzmaltino, Roberto Dinamite, e o vice-geral, Antônio Peralta. Por conta do imbróglio, a data do pleito ainda não foi definida.
Responsável por fazer a denúncia às autoridades, Nelson Rocha, também candidato e ex-vice de finanças na gestão Dinamite, chegou a cogitar ao UOL Esporte, em março, a possibilidade de retirar sua candidatura caso tais sócios que se associaram em massa fossem aceitos para votação, algo que agora ele não acredita mais.
"Não haverá mensaleiro na eleição do Vasco. Acho que a Justiça e a Polícia vão fazer o trabalho dela. Não acredito mais nesta possibilidade. Tenho absoluta confiança que a história do Vasco não será manchada. Muito se fala no Vasco e pouco se faz, mas o único que fez algo para evitar isso fui eu, que fiz a denúncia ao Ministério Público. Que se tenha uma eleição limpa!", disse Nelson Rocha ao UOL Esporte.
Presidente do Conselho Deliberativo do clube e um dos membros da Junta Deliberativa que definirá a data da eleição, Abílio Borges, porém, segue uma opinião contrária e destaca que a denúncia carece de provas para se comprovar que há, de fato, fraude no pleito.
"Essas denúncias são, de certa forma, subjetivas. Qual a prova? O que é que teve? Não existe isso. Se houvesse condições de provar, não tenho a menor dúvida de que tomaríamos providências, mas nenhum dos 300 conselheiros do Vasco levantou esta situação. Eu, como presidente do Conselho Deliberativo, tenho que ser provocado com um pedido, e não houve isso. Vamos ver o que diz o delegado", declarou à Rádio Livre.
Nelson Rocha, por sua vez, rebate o argumento ressaltando ser um grande indício o fato de, em apenas um dia, mais de mil pessoas terem ingressado no quadro social, diferentemente de outros meses no clube:
"É no mínimo anormal que você tenha um clube que fazia sete inscrições ao mês ter, num único dia, 1.730. Dia este que, em tese, seria o último de registrar participação na eleição. Se o Abílio não acha estranho, eu acho esquisito. Existem indícios neste sentido."
Um dos denunciados por, supostamente, ter financiado os "mensaleiros", Eurico Miranda, que também é presidente do Conselho de Beneméritos, desconversou sobre as acusações.
"Eu não nego e nem confirmo. Não tenho como facilitar ninguém. Quem tem que facilitar é a secretaria do Vasco, que recebe as propostas. Se os associados comparecem e querem ingressar, ela que resolva", destacou à Rádio Tupi.
A Polícia Civil recomenda a não marcação da eleição enquanto não for feito o inquérito. Na próxima segunda-feira, um novo encontro da Junta Deliberativa, que reúne os poderes do Vasco, acontecerá em São Januário. A definição da data não está confirmada, mas há a expectativa de que seja definida, ao menos, a lista dos elegíveis (os que podem ser candidatos).
Eurico Miranda e Roberto Monteiro são contra o adiamento do pleito pois argumentam que o estatuto vascaíno estará sendo ferido desta maneira.