Carlos Brazil assumiu a gerência-executiva de futebol do Vasco em dezembro, em uma situação complicada. Iniciou o trabalho do zero, reformulou praticamente todo o elenco, em cenário de terra arrasada esportivamente, com poucos recursos e histórico de mau pagador.
Entre chegadas e saídas, foram cerca de 40 negociações. Desde então o time navega por mares agitados, com pressão e cobranças por desempenho e resultados, especialmente sobre o técnico Zé Ricardo. Entre erros e acertos, o grupo ainda é alvo constante de críticas, mas inicia a semana entre os quatro primeiros da Série B após muito tempo.
– A pressão vai existir, são diversas opiniões, mas nós precisamos ter as nossas convicções. Sabemos o que acontece internamente no dia a dia, o que pode ser solucionado. Temos consciência de toda melhoria que precisa ser feita. Neste momento estamos em quarto lugar, posição que o clube não ocupava há muito tempo, com viés de alta e perspectiva de crescimento. O time vem melhorando a cada jogo aspectos que antes eram muito criticados. São números, precisamos subir no final da competição. Estamos na 7ª rodada e não vamos subir agora. Evidente que uma gordura de pontos é muito importante. Mas temos consciência de que é um trabalho de médio prazo e também temos consciência de que temos coisas a corrigir. Precisamos estar com um espírito de briga, de competição, e isso o time vem apresentando cada vez mais. A união aqui dentro é muito grande – disse Carlos Brazil, em entrevista ao Podcast GE Vasco, nesta segunda.
Seis meses após assumir seu primeiro desafio no profissional, o dirigente vive outra situação inusitada. O futebol do Vasco caminha para ser negociado nos próximos meses com o grupo americano 777 Partners. Homem forte do departamento, Brazil faz uma espécie de transição.
O contato com Johannes Spors e o Sebastian Arenz, respectivamente diretor de futebol e head scout do Genoa, é quase diário. A dupla indica atletas e sabe o que se passa no Vasco. Durante a entrevista ao GE Vasco, Brazil detalhou como tem sido essa convivência e revelou que analistas do clube viajarão em breve pela América do Sul para ver de perto atletas indicados pela 777.
- Estamos mapeando jogadores. Existe um campograma com indicações para cada posição, sem entrar em mérito de negociações. São apenas indicações de jogadores que poderiam vir para o Vasco. Eles também indicam alguns jogadores. O Witor Bastos (coordenador geral do Centro de Inteligência) está indo para a América do Sul, para Argentina e Uruguai, ver jogadores que foram indicados por eles (777). Jogadores que vimos e também entendemos que são jogadores que podem ser vistos mais de perto.
Brazil é sincero e não sabe qual será seu futuro caso a 777 assuma o comando do futebol. O dirigente, no entanto, está à disposição, inclusive para exercer uma nova função, caso necessário. E prega cautela quanto à expectativa do torcedor. Em sua opinião, não será da noite para o dia que o Vasco se transformará em um supertime.
- Muita gente acha que a 777 vai entrar em julho, e o Vasco terá um supertime. Não é assim. Há dificuldades no mercado. Existem clubes com dinheiro e muita dificuldade em contratar. Não tem jogador disponível. E quem está se tornou muito caro, muito além do que vale. A maior dificuldade é não ter dinheiro? É. Mas quando se tem precisa de planejamento, metodologia e filosofia. Não é o dinheiro que vai fazer que se tenha um time capacitado da noite para o dia, só com jogadores de qualidade. É preciso planejamento e organização para chegar ao objetivo final. É lógico que sabemos que, caso a 777 adquira o futebol, o clube terá um poder maior de investimento, o que é bom. Mas também não podemos criar a ilusão de que vamos criar um timaço da noite para o dia.
Durante a entrevista, Brazil comentou como foi sua chegada ao clube, as dificuldades na reformulação do elenco, jogadores que pediram para sair, a busca por reforços, o momento do time, negociações de renovação, assédio a jogadores do Vasco e, claro, muito sobre a Série B e a possível chegada da 777.