Entrevista de Carlos Roberto Osório, vice-presidente geral do Vasco, ao programa “Portão 9”:
Qual é a posição do Vasco? O Vasco foi consultado a respeito disso? Como foram os fatos do dia de hoje que chegaram a essa decisão e se o Vasco vai protestar ou acatar, enfim a decisão. Qual é a posição do clube?
- João, olha, primeiro o que se passou hoje foi um absurdo, desrespeito ao Vasco da Gama, desrespeito ao próprio Campeonato Carioca. Para você ter uma ideia, nós iniciamos o dia de hoje com a federação mandando a tabela, confirmando direitinho todos os jogos lá sem nenhum problema. Tivemos na parte da tarde a área técnica do Vasco e a área técnica do Flamengo e a confederação discutindo o apronto do jogo na quarta-feira sem qualquer aviso prévio, às cinco e pouca da tarde nós estávamos no meio da nossa reunião de diretoria e veio a informação que a federação decide unilateralmente, sem consultar o Vasco, a mudar a data do jogo de quarta para quinta-feira. Nenhuma justificativa pode ser aceita nesse caso, todos os clubes no Brasil estão carecas de estarem acostumados de jogar no domingo e na quarta-feira. O Flamengo jogou no domingo (11) na parta da manhã teve todo tempo do mundo para retornar ao Rio de Janeiro para a partida marcada para a quarta-feira, o Vasco fez toda a programação dele baseado no jogo na quarta-feira, nós tivemos nosso últimos jogo que foi contra a Tombense, pela Copa do Brasil. Decidimos retornar ao Rio por conta da programação do jogo de quarta, imediatamente após o jogo, tudo montado. De repente vem uma decisão unilateral da federação que não pode ser aceita, é inacreditável a subserviência que se tem, no caso da Federação Carioca, aos desejos do nosso rival, é inaceitável, enfim ninguém falou nada conosco. Soltamos agora a noite uma nota de repúdio e vamos ver como é que esse barco vai desenrolar a partir de agora.
Quando a gente fala de Vasco e tal e dessas questões de bastidores, de gabinete, de tapetão, de federação envolvendo Vasco e rival, quando se fala de mídia também, o Vasco é super delicado, né. Por quê fica ali uma linha meio tênue entre uma escola, digamos assim, Euriquista, muito forte, de sempre se contra por ao rival - e que foi muito importante na nossa história na década de 80, na década de 90 muitas vezes foi muito importante essa combatividade do jovem dirigente Eurico Miranda e de outros dirigentes que haviam na época também ali, mas que muitas vezes depois ficou como uma marca de um Vasco que perdia um pouco a mão ai, né, nessa coisa da "bravata", a coisa da belicosidade. Você sente que esse fato de hoje pode ser de repente mais um terreno pra se medir essa linha tênue, né, como é que vai ficar a imagem do Vasco diante de uma postura que ficou clara depois dessa tua fala, que vai ser dura e parece que com a justiça ao seu lado.
- Com certeza. Olha, primeiro a gente tem que entender o seguinte. O Vasco da Gama é filiado a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, assim como outros 11 (onze) participantes da primeira divisão Campeonato Carioca esse ano. Nós entendemos. Ai, você tem que ver o seguinte, o Jorge Salgado tem um passado de administração esportiva, foi vice presidente do nosso clube, enfim, uma gestão vitoriosa ao lado do presidente Calçada. Depois esteve como diretor de futebol da CBF. Eu passei 15 anos da minha vida ligado ao esporte brasileiro, no Comitê Olímpico Brasileiro, com diversas federações nacionais e internacionais, organizando eventos, participando desses fóruns de discussão. Então o Vasco hoje tem pessoas muito experientes à sua frente na lida com essas entidades. Realmente, não faz sentido nenhum no século XXI a gente ter de parte da federação uma postura como essa com relação a esse jogo. Não se muda um jogo a poucas horas - estamos ai à o jogo hoje é segunda-feira - estamos à 48horas do jogo marcado. Quer dizer, não se muda um jogo dessa natureza sem primeiro um contato inicial com as duas partes, até para se colocar o que aconteceu. Enfim, a postura da Federação Carioca, nesse cenário, ela marca um pouco uma subserviência que se tem com relação ao nosso rival. Isso não pode ser feito. O Vasco não quer privilégios, mas o Vasco não aceita diferenças e nós vamos ter que uma discussão altiva com a Federação com os demais filiados porque esse tipo de comportamento ele não apenas atrapalha a litaria e a igualdade dos competidores numa competição, como é uma competição de futebol, mas também trás pontos de interrogação sobre o produto Campeonato Carioca pelo qual a federação deveria ser a primeira entidade a zelar. Então de nós, o torcedor do Vasco pode se esperar o seguinte: sempre serenidade, trabalhar com a regra, trabalhar com o lado certo, agora não vamos abrir mão, em hipótese alguma, de defender os direitos do Vasco e nesse caso o que se passou é inaceitável e vamos aguardar qual vai ser a postura da Federação a partir de agora com esse posicionamento firme que o Vasco tinha que ter e que não poderia ser diferente.
O Vasco pede a manutenção do jogo para quarta-feira?
- A nota do Vasco repudia a alteração da data e não vê nenhum motivo formal para que essa alteração pudesse ser feita. Ela coloca de maneira clara que o equilíbrio esportivo é mudado por essa alteração não justificada e não conversada. A partir daí vamos aguardar qual é a posição da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro. O fato objetivo para todos aqueles que gostam do esporte é: foi feita uma alteração à revelia que não justifica, um dos atingidos se manifesta contrariamente e agora vamos aguardar o desenrolar do acontecimento. Agora, o que não pode, o que é lamentável, que todos nós esportistas temos que lamentar é o seguinte: o Campeonato Carioca - vamos tratar de Campeonato Carioca que é um ponto importante - o Campeonato Carioca vive um momento de reconstrução. O Campeonato Carioca tinha até o ano passado o melhor contrato de regionais do Brasil, nós tínhamos um contrato de 120 milhões de reais, assinados até com a TV Globo em 2024 no ano passado o nosso rival, que não tinha mais contrato com o Campeonato Carioca, o Botafogo, o Fluminense e o Vasco tinham contrato decide unilateralmente baseada na medida provisória do mandante que, naquela época, naquela ótica estava em vigor e acabou caindo. Utilizou a medida provisória do mandante para romper ou para retirar direitos da competição e de todos aqueles que naquela estavam mandando jogos do Flamengo rompendo contrato da TV Globo, televisionando jogos do Flamengo, dois jogos do Campeonato Carioca do ano passado o que gerou o rompimento de contrato por parte da emissora. Então, o Flamengo larga no ponto de estamos numa nova etapa que larga nas costas dele um enorme prejuízo causado de todos que participam do Campeonato Carioca, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e todos os clubes de menor investimento. E agora nós temos uma reinicio de jornada, uma nova estrutura e temos o Flamengo novamente querendo acionar a Federação sem conversar nada com ninguém, criando confusão, ou seja, não faz sentido. O Flamengo precisa entender que ele precisa dos seus rivais para jogar futebol, ninguém joga futebol sozinho e essa postura hegemônica do nosso rival não leva a lugar nenhum e não vai ser admitida por nós que somos tradicionalmente e historicamente os rivais no campo e não vamos permitir que essa situação perdure. O Flamengo causou o maior prejuízo ao futebol do Rio de Janeiro sem dúvida. O maior prejuízo. É importante que fique claro, causou e de caso pensado, não foi por acaso fez um lobby, tendo uma medida provisória utilizou-se de uma medida provisória que depois caducou e implodiu o melhor contrato de regional de todos os tempos que era o nosso contrato que ia até 2024 e hoje nós estamos aqui numa situação de aperto financeiro maior do que deveríamos estar e infelizmente discutindo uma situação que não era nem pra ter discussão.