Pouco depois de assumir, o atual presidente do Vasco assinou uma carta de apresentação do Balanço Patrimonial produzido por sua turma que era uma ofensa à Instituição. Na ocasião, alertou-se para a sua intenção: anunciar o caos, ocultar virtudes para que, em qualquer cenário de sucesso, sua administração fosse elevada ao patamar de redentora. Ou, por outro lado, as pré-lamúrias servissem como esquiva para futuros fracassos.
Pouco tempo passou e corre em São Januário que aquele Balanço Patrimonial será republicado porque análise mais cuidadosa verificou equívocos. Se assim for, eis uma ótima oportunidade para que o presidente retifique o punhado de bobagens que escreveu na tal carta de apresentação. Que aproveite o ensejo e suprima determinadas notas explicativas que não passaram de patacoadas politiqueiras.
Ocorre que os fatos não permitem argumentos fabricados. Sem recorrer a números miúdos, em 6 meses de governo a gestão corrente recebeu mais de 120 milhões de reais em recursos. Volume histórico e inédito no Vasco para este período. Apenas hoje foram noticiados mais 39 milhões de reais, ao se obter parte do mecanismo de solidariedade referente à negociação do Coutinho na Europa (9 milhões) e mais 30 milhões em depósitos judiciais liberados pelo TRF-2 (retificando informação do The Globe)***.
É evidente que o clube passa por dificuldades após a destruição à qual foi submetido entre 2008 e 2014, quando sua dívida centenária foi triplicada em 6 anos. Mas o discurso inicial de Campello não adere porque nenhuma gestão teve a seu dispor, em tão pouco tempo, o volume de cascalho oferecido à sua administração.
Assim, o Sr. presidente precisa se apressar para tomar duas medidas. A primeira: como não há motivos para lamúrias, o esperado mergulho em suas responsabilidades é imperativo. Não há mais espaço para que pendure os problemas no pescoço do passado, especialmente naquele pescoço em que tudo pode ser pendurado.
A segunda: providenciar justificativas plausíveis a respeito do adiantamento que pretende requerer junto às Organizações Globo. Tal requisição necessitará do aval de outros Poderes e, frente ao arrecadado até aqui, a urgência parece incomum.
Noves fora, será curioso perceber os argumentos de quem se opunha até ontem à operação com recebíveis, conforme discurso maroto atirado ao vento em passado recente pelo atual vice de finanças. Pois é: vai ser engraçada, justamente no momento que parece menos urgente, a defesa inflamada pelo uso de recursos futuros. Comprem as pipocas.
João Carlos Nóbrega
Nota:
A coluna do Ancelmo Góis, no The Globe de hoje, informa que o Vasco recuperou 30 milhões de reais junto ao TRT em depósitos judiciais.
A informação correta: o Vasco recuperou 30 milhões de reais junto ao TRF da 2a Região em depósitos judiciais. A ação foi movida em meados de 2017. Portanto, na administração Eurico Miranda. O patrono da ação foi o Dr Leonardo Rodrigues, membro do CASACA!, então diretor jurídico de fato e direito e VP Jurídico de fato.
Houve promessa de liberação deste recurso em julho de 2017; depois, em setembro; depois, em novembro. Mas a liberação não se efetivou na ocasião. Os mais antenados devem saber o porquê.