Representado por novo escritório de advocacia, troca promovida após descoberta do aumento de R$ 119 milhões em dívidas trabalhistas em 2020, o Vasco se manifestou no processo movido pelo zagueiro Breno. O clube negou ter havido acidente de trabalho, disse que as lesões sofridas pelo jogador têm origem no passado e ainda pediu a realização de perícia médica no atleta.
Foi em 10 de março que Breno ingressou com ação na 71ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Ele pediu o pagamento de R$ 13 milhões por conta de salários e direitos trabalhistas não pagos além de indenização. O caso está em fase inicial, e a juíza Kiria Simões Garcia ainda não proferiu sentença.
Breno começou a trajetória em São Januário em 2017, emprestado pelo São Paulo, que aceitou pagar integralmente o salário de R$ 250 mil - na gestão do então presidente Eurico Miranda. O contrato terminaria em dezembro e, um pouco antes (19 de novembro), o atleta teve a primeira lesão no joelho esquerdo - seria operado em 23 daquele mês.
Em janeiro de 2018, as partes acertaram novo vínculo que iria até o final de 2020 - já no mandato do então presidente Alexandre Campello. Mesma remuneração, porém sob responsabilidade do clube carioca. Nesse período, Breno passou por outras quatro cirurgias (três no joelho esquerdo e uma no direito).
Segundo os advogados do atleta, o relatado por Filipe Rino e Thiago Rino, Breno "voltou a treinar com bola e a exercer sua profissão precipitadamente e ainda com dores" em maio de 2018,. O contrato terminou em 31 de dezembro de 2020 e não foi renovado. De acordo com Filipe, o jogador ainda se encontrava em tratamento da última cirurgia, realizada em 14 de novembro de 2019, o que configura, no entender do advogado, acidente de trabalho e obrigatoriedade de ampliar o contrato.
Na defesa assinada pelos advogados Tulio Claudio Ideses, Vinícius Ideses e Marcelo Ideses, o Vasco ressaltou que Breno chegou ao clube com 11 temporadas de carreira profissional e que sofreu a primeira lesão sozinho.
- Não há dúvidas de que as lesões, que infelizmente acometeram o autor, não decorreram de ação ou omissão do reclamado e certamente possuem origem na trajetória profissional do autor, lesões pretéritas, fadiga naturalmente provocada no decorrer de anos de prática de esporte profissional de alto desempenho, bem como o envelhecimento do ser humano, além de outras condições pré-existentes e até mesmo genéticas (...) Resta patente que inexiste acidente de trabalho, estabilidade provisória e qualquer direito a indenização, tal como pleiteia o autor - escreveu o trio de advogados.
O Vasco também apresentou cópia da apólice de seguro de Breno (veja imagem acima) como resposta ao pedido de indenização pela não contratação. Sobre os salários, o clube admitiu estar em atraso nos vencimentos referentes a novembro de 2020, 13º de 2020 e verbas rescisórias. Alegou ainda que pagou seis das 12 parcelas da repactuação de março e abril de 2020.
A última partida de Breno pelo Vasco ocorreu em 9 de agosto de 2018, quando participou da vitória por 1 a 0 sobre a LDU pela Sul-Americana. O jogador não atuou nas temporadas de 2019 e 2020.