A investigação da morte do menino Wendel, de 14 anos de idade, no dia 9, ainda deve demorar a ser concluída. Nesta quinta-feira, depois de ouvirem os depoimentos de Cássio, técnico do time sub-15 do Vasco, e Luiz Carlos Júnior, coordenador das categorias de base do clube, que demoraram mais de duas horas, os delegados Júlio Cesar Vasconcellos e André Bueno conseguiram determinar o passo a passo do atendimento ao adolescente e abriram caminho para saber se houve negligência.
A investigação está nas mãos da 50ª DP, em Itaguaí, onde fica o centro de treinamento do empresário Pedrinho Vicençote, usado pelo Vasco. Nesta sexta-feira, pelo menos mais três pessoas serão ouvidas: o massagista Maquro Bomfim, o auxiliar Sérgio Freire e o preparador de goleiro Rômulo, todos da categoria sub-15. Ainda são esperados o gerente de futebol Humbeto Rocha e o preparador físico Gutemberg de Menezes.
- O menino caiu de frente e foi virado pelo Luiz Carlos, que pediu ao Cássio para buscar o carro. No meio do caminho, eles encontraram uma ambulância, que abriu caminho até a Unidade de Pronto Atendimento mais próxima - explicou o delegado titular Júlio Cesar Vasconcellos.
Algumas entidades serão oficiadas para a prestação de esclarecimentos. CBF, Ferj, Suderj e a Secretaria de Esportes de Itaguaí deveram informar os procedimentos adotados em um centro de treinamento de futebol e se há normas estabelecidas para isso. Já foi feito o pedido para o envio do original do atestado médico apresentado por Wendel para iniciar os testes no Vasco, além do seu histórico médico.
- Ainda precisamos do laudo técnico para tecer maiores detalhes sobre o caso. O local já foi periciado e receberemos esses resultados em 30 ou 40 dias. Sabemos que não havia equipamentos suficientes para socorrer o menino no centro de treinamento nem no ônibus. Nossa busca é para saber se, com eles, seria possível salvá-lo - explicou o delegado assistente André Bueno.
Pedrinho Vicençote ainda será chamado a prestar esclarecimemtos, assim como outros dirigentes do Vasco. Cássio e Luiz Carlos Júnior foram acompanhados pelos advogados Francisco Ortigão e Sérgio Lampre. Além deles, apenas Antônio Teixeira, também coordenador da base, foi ouvido pelos delegados.
- Todas as pessoas chamadas irão depor. O que podemos dizer é que o Vasco prestou todo o socorro e tem o maior interesse em esclarecer o caso para informar a todos da sociedade - afirmou Ortigão.
Os depoimentos deixaram os delegados satisfeitos. Eles não perceberam qualquer dúvida nas explicações de Cássio e Luiz Carlos Júnior, que deixaram o local sem dar entrevistas. Além das informações colhidas nesta quinta-feira, eles estão tentando descobrir se o menino era acompanhado por um pediatra com frequência, além de intimar o médico responsável pelo atestado fornecido a Wendel.
Entenda o caso
O adolescente Wendel Junio Venâncio da Silva, de 14 anos, se sentiu mal durante o treino do dia 9 de fevereiro e não resistiu. Romulo Capello Teixeira, assessor especial da vice-presidência médica do Vasco, informou em depoimento que o menino foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaguaí, mas já chegou morto ao local.
Uma senhora identificada como Dionícia, caseira do terreno onde fica o CT, conversou com companheiros de treino do rapaz e disse que, por volta das 9h30m, meia hora depois do início da atividade, o jogador começou a passar mal, desmaiou em campo e teve uma convulsão. Ainda segundo ela, o menino foi imediatamente levado à UPA pelo técnico da equipe, em seu carro particular.
W.J.V.S. fazia o seu segundo teste na categoria infantil, comandada pelo ex-lateral-esquerdo Cássio, na manhã de quinta-feira. Ele chegou ao clube por indicação de outro ex-jogador do clube, Marco Aurélio Ayupe, técnico da escolinha cruz-maltina em São João Nepomuceno, interior de Minas Gerais, cidade do rapaz.