Aos 33 anos, Leandro Castan é bem mais que um capitão no Vasco. Com uma das histórias mais incríveis de superação no futebol ao se recuperar de um tumor no cérebro (cavernoma), que o deixou afastado dos gramados por dois anos, ele se tornou um exemplo dentro e fora de campo.
No clube desde 2018, o zagueiro presenciou em algumas oportunidades, por exemplo, torcedores citando seu caso como espelho para os dramas de saúde pessoais. Ciente da responsabilidade, o experiente defensor procura dar valor a cada momento de sua profissão.
Atualmente em isolamento por conta da pandemia do coronavírus, Castan está obcecado nos treinamentos físicos em casa. Com a ajuda da cartilha elaborada pelo departamento médico do Vasco, ele contratou o preparador físico Marlon Muniz e o fisioterapeuta Marcelo Coutinho (Rato) e tem mantido a forma diariamente.
Para o zagueiro que, por pouco, se aposentou precocemente, o foco em superar os limites de seu corpo está à frente de qualquer situação.
"Primeiro, eu penso em mim. Penso que preciso treinar, estar bem. Quero fazer este ano aqui melhor que o ano passado. Essa é minha meta de vida, me superar cada vez mais, superar meu corpo e meus limites. Essa é a primeira coisa que eu coloco. Claro que, se estou fazendo, também sei que muitas pessoas veem, meus companheiros também, e que isso sirva de exemplo para eles. Mas eu sou um cara que não gosta muito de dar conselhos, falar... Prefiro fazer e que as pessoas vejam a diferença naquilo que eu faço, e não naquilo que eu falo. É claro que é diferente trabalhar sozinho do que em grupo, mas quando voltar quero estar em forma o mais rápido possível", destacou ao UOL Esporte.
Preocupação com Itália e momentos com a família
No total, Leandro Castan viveu seis anos na Itália. Além da identificação com a Roma, onde atuou por mais de quatro temporadas, defendeu Sampdoria, Torino e Cagliari. Também foi lá que enfrentou o tumor e fez a cirurgia e todo o processo de reabilitação.
Por tudo o que passou na "Terra da Bota", o zagueiro nutre um carinho especial pelo país, e justamente por isso demonstra preocupação com o momento atual, já que a Itália concentra um dos maiores números de casos de coronavírus no mundo.
"Ficamos muito tristes com a situação toda que aconteceu no mundo. Mais tristes ainda porque um dos piores lugares têm sido a Itália. Um lugar onde tenho muitos amigos e um carinho muito grande. Graças a Deus, meus amigos estão bem, não tem ninguém infectado. A maioria deles está em Roma, no Sul da Itália [a região mais afetada no país é o Norte]. Fico triste porque é um país que está sofrendo muito, mas o povo italiano luta bastante e vai conseguir se reerguer e dar a volta por cima", disse.
Apesar do momento difícil, Castan tenta extrair alguns pontos positivos, como o de estar mais próximo de sua família.
"Acho que sou um cara sempre positivo e sempre vou tentar passar algo de bom. Acho que de tudo de ruim que acontece, tem que tirar algo de bom e essa é a parte boa, de estar com a família, com a esposa, os filhos,, então isso é muito bom, tem sido legal passar o tempo todo com eles, os verem estudar, brincar, acordar com eles, tomar café, almoçar, jantar... Algo que é difícil quando se está trabalhando. Isso é o que se tira desse momento ruim", destacou.