A CBF iniciou conversa com o governo sobre a necessidade de medidas para abrir os clubes brasileiros ao investimento de fora, nacional ou do exterior. Essa tema foi tratado durante o encontro entre o presidente da CBF, Rogério Caboclo, e o presidente da República, Jair Bolsonaro. Tanto a confederação quanto o governo federal têm estudado possíveis alterações legislativas para possibilitar essa entrada de dinheiro novo no futebol.
Desde o início do mandato, há membros do governo federal que têm discutido a questão de uma legislação para viabilizar a formação de mais clubes-empresa. O Congresso também retomou essa discussão com apoio do presidente da Casa, Rodrigo Maia.
Ao tomar posse na CBF, Rogério Caboclo incluiu em seu discurso um desejo de subir o patamar do futebol dentro do PIB nacional. Para isso, apoiaria medidas que “tornem viáveis aos clubes o recebimento de investimento nacional e internacional”. Seu objetivo é reduzir a diferença para clubes europeus que são empresas e recebem investimento externo, podem ser comprados ou vender ações em bolsas.
Questionado pelo blog após a posse, Caboclo disse que não defende a obrigação que os clubes se tornem empresas. Até porque entende que não é possível exigir a transformação dos clubes.
“A gente não pode obrigar uma formação jurídica diferente daquela que o clube quer e que o clube reúne condições de ter pela lei. Ou seja, não tem como obrigar que o clube se transforme em empresa. Mas tem como criar condições de como empresa ou como associação como são formatados hoje, que obtenham investimentos importantes. É neste aspecto que a gente quer trabalhar”, afirmou Caboclo, que não especificou o modelo que projeta.
Há vantagens e desvantagens nos dois modelos. No modelo associativo atual, os clubes pagam menos impostos do que empresas, pois têm isenções tributárias. Mas apenas como empresas dão segurança aos investidores de que poderão estar submetidos a medidas de controle e transparência dos recursos colocados no caixa.
Um exemplo é quando empresas estrangeiras como a ISL, a Hicks Muse e Nations Bank entraram no Brasil para investir em clubes há mais de 15 anos. Seus recursos foram para clubes como Flamengo, Grêmio, Corinthians e Vasco, mas nunca geram retornos. Em alguns casos, geram escândalos com acusações de desvios, e os clubes saíram das parcerias piores do que entraram mesmo que tenham ganho títulos em certos episódios.
Outra questão é que o governo Bolsonaro e a CBF falam em mudar a formatação dos clubes e buscar maior profissionalização, mas a entidade e o partido do presidente lutam na Justiça contra medidas da Lei Profut que preveem punições e medidas de austeridade dos clubes. Por enquanto, o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve a maior parte da lei, retirando apenas um ponto sobre rebaixamento por endividamento.