A CBF planeja mudanças na Comissão de Arbitragem. A decisão é do presidente interino da entidade, Ednaldo Rodrigues. Descontente com a atuação dos árbitros na atual temporada, ele coordena um projeto para reestruturar o órgão, comandado por Leonardo Gaciba desde 2019.
Segundo o ge apurou, o dirigente disse a aliados que a arbitragem está deixando a desejar e errando muito, apesar do alto investimento feito pela entidade em tecnologia para ajudar os juízes em campo.
O VAR começou a ser usado em competições nacionais em 2018. No ano seguinte, o Campeonato Brasileiro foi disputado já com o árbitro de vídeo.
A pessoas próximas, o presidente interino da CBF disse que não se sente pressionado pelas críticas dos dirigentes de clubes, mas que o comando da arbitragem precisa se reciclar.
Rodrigues está no cargo desde agosto. Ele substitui Rogério Caboclo, afastado do comando da CBF por 21 meses por assédio sexual e assédio moral a uma funcionária da entidade. Caboclo nega as acusação.
Rodrigues já se reuniu duas vezes com Leonardo Gaciba e seus subordinados e cobrou melhores atuações dos árbitros na reta final das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.
O presidente interino da CBF disse a interlocutores que a falta de critério nas decisões dos árbitros (o mesmo lance é interpretado de forma diferente pelos juízes) é um dos maiores problemas nesta temporada.
Ele disse aos confidentes que avalia a possibilidade de acabar com a concentração de poder nas mãos de Gaciba e pediu para o trabalho ser mais compartilhado com os outros integrantes do órgão.
A aliados, Rodrigues disse que a comissão é comandada num modelo arcaico e trabalha com corporativismo ao não afastar os árbitros que erram nos jogos. Segundo relato de interlocutores do presidente interino, os juízes deveriam passar por uma reciclagem antes de voltar a apitar após falharem, o que não acontece atualmente. De acordo com pessoas próximas ao dirigente, a falta de reciclagem é a responsável pelos árbitros repetirem os erros na atual temporada.
Dezenas de dirigentes protestam contra os constantes erros de arbitragem nas últimas rodadas. O Flamengo e o Guarani foram os últimos a reclamar. Na terça, os dirigentes do clube carioca enviaram uma representação na CBF contra o árbitro Denis da Silva Ribeiro Serafim, que trabalhou no empate com a Chapecoense, por 2 a 2, no dia anterior. O Flamengo alega que o árbitro errou em dois lances capitais: um pênalti não marcado e um impedimento inexistente de Gabigol.
O Guarani também representou contra os árbitros que atuaram no empate com o Vila Nova , por 2 a 2, no domingo. O time teve o que poderia ser o gol da vitória anulado. A assistente Maíra Mastella Moreira assinalou impedimento e o árbitro Douglas Schwengber da Silva confirmou a marcação no chute de Lucão.
Para aumentar o descontentamento dos dirigentes do Guarani, o VAR não funcionou na partida. Na quarta, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Otávio Noronha, rejeitou o pedido de anulação da partida feita pelo time de Campinas.
Na Central do Apito, a comentarista de arbitragem Janette Mara Arcanjo considerou legal o gol que daria a vitória ao Bugre.
- Pela imagem que nós vimos, eu tive a sensação de que o Moacir (lateral-direito do Vila Nova) dava condição no momento do passe.
A arbitragem é uma das principais preocupações de Rodrigues na sua gestão. Na sexta, ele decidiu liberar os diálogos dos árbitros com a equipe do VAR. Os áudios, que eram mantidos em sigilo, estão disponíveis agora no site da entidade no dia seguinte do final de cada rodada.
De acordo com Rodrigues, a iniciativa pretende dar transparência ao trabalho dos árbitros.