Pintura nova nas arquibancadas, vestiários modernos, camarotes quase prontos, espaço Vip a ser inaugurado, loja e centro de memória em construção. A sede de São Januário vem ganhando melhoramentos nos últimos meses. No entanto, o gramado, palco principal do estádio do Vasco, permanece sendo castigado diariamente. E sem previsão de longo descanso nos próximos seis meses. Neste sábado, mesmo sem condição ideal, receberá a volta de Juninho Pernambucano contra o Internacional.
De todas as promessas da diretoria do clube, a do Centro de Treinamento permanente ou provisório é uma das mais antigas e não sairá do papel tão cedo. Enquanto isso, quem paga o preço da falta de estrutura é o campo. Nesta temporada, foram 20 jogos e praticamente três meses de treinos, se somados todos os dias de trabalho do time em São Januário. Por mais resistente que a grama seja, não há tempo de recuperação.
- O treino estraga mais do que o jogo, desgasta mais o gramado por causa das repetições que são feitas durante os treinamentos. A sobrecarga é maior porque a grama não tem repouso. O tempo ideal para a recuperação são, pelo menos, três dias. Precisamos urgentemente de um campo para treinar - afirmou o vice-presidente de patrimônio, Fred Lopes.
O engenheiro agrônomo Ernesto Henriques, que cuidou do gramado de São Januário por 10 anos, concorda com o dirigente. Segundo ele, a tendência é piorar nesta época:
- A capacidade de recuperação está relacionada diretamente com a estação do ano. No período do outono/inverno, o gramado diminui o seu ritmo de crescimento, por isso deveria ser poupado um pouco mais, já que a recuperação é mais lenta. O ideal seriam dois jogos por semana e só.
Consequentemente quem precisa dele todos os dias para trabalhar também sofre. Nos treinos e nos jogos, os jogadores convivem com a grama rasteira e pequenos buracos. Os riscos com lesões aumentam.
- Infelizmente isso acontece, não é bom. Treinamos e jogamos muito aqui, o Caxias jogou, o Botafogo também, mas poderia estar pior. Vemos o trabalho duro de quem cuida para poder dar condições. É o nosso campo e, quando jogamos, não está nas condições ideais. A bola fica muito \"viva\", algumas partes estão carecas, mas sabemos do esforço de todos - contemporizou Diego Souza.Terreno do CT ainda longe
Um campo renovado só mesmo no ano que vem. Assim que acabar o Campeonato Brasileiro, o gramado será trocado por um tipo mais resistente, chamado de grama 419, recomendado pela Fifa.
- Não teria como fazer isto agora, porque precisamos de mais de um mês e meio para fazer a troca - disse Lopes.
Sem o Vasco-Barra desde o fim de 2009, o time voltou para sua casa. Ainda tentou opções provisórias, com alguns campos da Marinha, na Avenida Brasil. E continua em busca de terreno para ter o seu próprio espaço de trabalho. No entanto, um local em Jacarepaguá, que o presidente Roberto Dinamite esperava ter sido liberado em maio pela Câmara dos Vereadores, enfrenta entrave político.
O clube reconhece que precisa, a curto prazo, de um lugar novo para os treinamentos. Uma das saídas, ainda em estudo, é a construção de um campo anexo em São Januário e outras melhorias para os jogadores poderem ficar na sede nos dias de treinos integrais. No entanto, não há projeto nem prazo definidos.
Sem soluções imediatas, nesta sexta haverá mais um dia de treino no gramado, na véspera da 21ª partida no estádio este ano. E terá a apresentação do zagueiro Renato Silva, 27 anos, contratado como reforço. Além dos percalços físicos, os jogadores precisarão ultrapassar outros obstáculos para voltar a vencer no Brasileiro. Como acertar o entrosamento de Juninho Pernambucano no meio-campo. O zagueiro Dedé mostrou o caminho para evitar os buracos na marcação:
- No Corinthians, todos se ajudam. Jorge Henrique e Liédson marcaram como volantes, temos que fazer isso também.