Chegou e sentou na janela. William não precisou de muito tempo para justificar o discurso do Vasco no início do ano: manter a base que quase evitou o rebaixamento e fazer contratações pontuais e certeiras. Depois de Marcelo Mattos (contratado em janeiro) assumir a função de cão de guarda do meio-campo rapidamente, o primeiro reforço para Série B também arrumou logo um espaço no time de Jorginho e destronou o quase intocável Julio dos Santos. Em apenas seis partidas, não seria exagero dizer que a revelação do Madureira no Carioca tornou a equipe mais consistente e, principalmente, equilibrada.
Chamado pelos mais empolgados em redes sociais de William Matuidi e Willyaya Touré, a aposta de 24 anos apresentou características defensivas e ofensivas melhores que o paraguaio para conquistar a confiança de Jorginho - superou também a concorrência de Diguinho. Noves anos mais jovem que Julio dos Santos, ele aumentou a pegada no meio-campo e ainda tem força física de sobra para chegar ao ataque. As estatísticas provam isso.
Na Série B, William esteve em campo em seis oportunidades contra cinco do volante paraguaio, e os números são quase unânimes ao apontar uma melhora de rendimento. Com exceção das perdas de posse de bola, 21 contra somente cinco, o brasileiro é melhor em todos os quesitos. Finaliza mais (8 a 1), desarma mais (14 a 7), é mais eficiente nos passes (88,5% aa 84,8%) e, acima de tudo, é mais efetivo no ataque: 2 a 0 em assistências. Ou seja, se perde mais a bola, também se arrisca mais ofensivamente. Os dados são do site Footstats.
Por mais que o torcedor tenha relutado em aceitar a opção de Jorginho, é inegável a importância de Julio dos Santos na campanha que resultou no título invicto do Campeonato Carioca. Diante de adversários na maioria das vezes muito fechados defensivamente, a paciência e a cadência no toque de bola do então camisa 8 muitas vezes era necessária para encontrar espaços e evitar afobação. Também é inegável, porém, que o time ficava, digamos, capenga.
Por característica, Julio dos Santos ocupa uma faixa do campo bem menor do que William e, acima de tudo, bem menor do que Andrezinho, responsável por desempenhar função similar do oposto. Enquanto o lado esquerdo contava com constantes triangulações com o próprio Andrezinho, Julio Cesar e Jorge Henrique, o paraguaio raramente dava o mesmo auxílio a Madson e Nenê na direita, preferindo, na maioria das vezes, bolas esticadas.
Ao substituir Julio dos Santos em oito das últimas dez partidas em que esteve em campo, Jorginho dava sinais claros que buscava uma solução para o desequilíbrio. Yago Pikachu foi a opção inicial, e foi bem ofensivamente ao lado de Madson. Faltava, no entanto, a intensidade encontrada em William. Os dois gols que saíram de assistências suas mostram como preencheu bem o setor: cruzamento perfeito para Leandrão diante do Joinville e passe para Eder Luís contra o Náutico.
Em entrevistas coletivas, Jorginho não poupa elogios ao garoto, que cada vez mais se firma como absoluto no time titular. Em breve, a concorrência pelo vértice direito do losango do meio-campo vascaíno ganhará mais um nome: Fellype Gabriel. William, por sua vez, tem mostrado não sentir o peso da camisa. E o nome gritado pela torcida, terça-feira, ao deixar o gramado de São Januário, prova isso.
Números: William x J. dos Santos
Assistências: 2 x 0
Finalizações: 8 x 1
Desarmes: 14 x 7
Passes certos: 88,5% x 84,8%
Bolas perdidas: 21 x 5