No banco de reservas do basquete vascaíno, Christiano Pereira começa nesta segunda-feira mais um capítulo decisivo na sua história de 30 anos em São Januário. Quando a bola subir, às 20h15m, para o início do playoff da Liga Ouro, contra o Campo Mourão, no Paraná, estará em jogo mais do que a taça: ao fim da melhor de cinco, o campeão conquistará uma vaga no NBB.
Christiano chegou ao clube em 1986, ainda como atleta da base. Seis anos depois, formado em educação física, optou pela carreira na comissão de base. De lá para cá, acompanhou de perto momentos de glória do Vasco nas quadras — como técnico da base, nos vários títulos entre 1998 e 2002, e como um ajudante pontual da ainda mais estrelada equipe principal. A trajetória, porém, inclui um período de ostracismo no cenário nacional.
— O Vasco merece voltar ao lugar de onde não deveria ter saído. Foi terrível ver a equipe adulta afastada das competições — recorda o técnico de 43 anos, que está em sua terceira passagem no comando dos profissionais: — Com a quadra interditada, chegamos a não ter lugar para a base treinar por alguns anos.
Nada, porém, capaz de apagar a fase áurea do clube, quando conquistou o bicampeonato brasileiro (2000 e 2001) e o bi sul-americano (1999 e 2000). Com o time principal cheio de atletas consagrados, era até mais fácil para Christiano formar futuros campeões na base. Um deles foi Nenê, atualmente pivô do Washington Wizards, dos Estados Unidos.
— Os times da base também eram fortes. O Nenê chegou ao clube aos 18 anos e foi campeão estadual. Ele já demostrava ser um jogador acima da média — lembra o técnico.
Porém, sem apoio, os trabalhos da base e do profissional foram enfraquecidos. Nesta temporada, o Vasco retornou às competições nacionais com a disputa da Liga Ouro. O sonho é claro: a vaga na NBB.
— A Liga teve uma disputa muito qualificada. Todos os times que jogaram essa edição teriam chance de ficar entre os oito melhores na elite do basquete — analisa.