Clássico Botafogo x Vasco na final feminina de futebol americano

A final feminina do Carioca Bowl - Campeonato Carioca de Futebol Americano de Praia, neste domingo, na Praia de Botafogo, a partir das 13h, movimentará uma das maiores rivalidades clubísticas do país: Botafogo x Vasco. O primeiro estará representado pelo Botafogo Flames, e o segundo, pelo Vasco Futebol Americano. As mulheres jogam não só pelo título estadual, mas também pela conquista de mais público e respeito ao esporte que praticam, e por mais respeito entre os próprios praticantes da modalidade.

O futebol americano já é praticado por mulheres no Rio de Janeiro há oito anos e já teve quatro campeonatos estaduais, embora o deste ano seja o primeiro organizado pela Federação de Futebol Americano do Rio de Janeiro (FeFARJ), com o mesmo nome que o torneio masculino. Os times femininos obtêm espaço na mídia, os finalistas têm apoios de grandes clubes esportivos da cidade, mas o preconceito com a modalidade persiste. Na final masculina, no mesmo local, às 14h, vão se enfrentar América Red Lions, que é ligado ao América, e Rio de Janeiro Sharks.

Fernanda Pessanha, wide receiver do Botafogo Flames, conta que não são apenas os leigos do esporte que têm problemas com o futebol americano feminino. \"O pior é ver que os próprios jogadores têm preconceito contras as meninas que jogam o mesmo esporte que eles. É ouvir alguns jogadores de futebol americano dizendo: \"namorada minha não joga!\" É ver que, muitas vezes, eles acham que as meninas não sabem arbitrar, não sabem derrubar a adversária... É perceber que estes jogadores querem \"boicotar\" o campeonato feminino. O esporte só vai crescer quando todos tiverem a compreensão que precisamos caminhar juntos, sem preconceitos\", explica.

Se até entre os próprios adeptos do esporte há desconfiança, imagine as dificuldades enfrentadas por essas \"guerreiras\" para manter a modalidade ativa. Nenhum dos dois times tem patrocínio - apesar de ambos confiarem que a associação a um clube grande pode render frutos no futuro - e se organizam através de mensalidades pagas pelas atletas. Enquanto os times masculinos chegam a ter mais de 50 jogadores, dificilmente uma equipe feminina reúne mais de 35 atletas. \"A maior dificuldade é a adesão de novas jogadoras, por medo do contato e por não saberem as regras, que são mais complicadas do que as de outros esportes praticados no Brasil\", diz Deny Barbosa, quarterback do Vasco.

As duas equipes esperam começar a mudar este quadro com o primeiro clássico entre Botafogo e Vasco na modalidade. A rivalidade é mais antiga do que a parceria com os clubes de futebol: o Coyotes, embrião do time vascaíno, foi tricampeão carioca entre 2006 e 2008, derrotando o antigo Barra Flames em duas finais. \"Há jogadoras que se conhecem há cinco anos ou mais, e jogam em lados opostos desde então, defendendo o seu time do coração. E mesmo as jogadoras novatas, quando entram na equipe, já aprendem que têm que honrar a camisa que vão vestir e que a rivalidade existe. Quando os times entram em campo, tudo isso vem à tona, deixando o jogo quente e cheio de provocações\", analisa Fernanda.