Clubes cariocas estão longe da Copa da Alemanha

A Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, pode ser a primeira da história da competição em que a seleção brasileira não terá um representante do futebol carioca. Nas outras 17 edições, pelo menos um jogador de algum clube do Rio de Janeiro foi ao certame. Longe de ter o prestígio de antigamente, os cariocas terão de se contentar com os atletas que atuam na Europa.

\"A grande razão para isso é a falta de manutenção dos grandes craques. O Rio de Janeiro está devendo muito em termos de renovação e revelação. Isso gera essa falta de representatividade na seleção\", comentou o ex-jogador Jairzinho, campeão e artilheiro do Brasil na Copa de 1970.

Até 2002, quando o Brasil conquistou o pentacampeonato da competição, que foi sediada por Coréia e Japão, 350 jogadores foram convocados para as copas do mundo. Desse número, 160 vieram de equipes do Rio de Janeiro, o que equivale a 45,7%.

Na primeira edição, em 1930, por sinal, todos os 24 convocados eram de times do Rio. Isso porque houve um desentendimento entre Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e a Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea), que não liberou os atletas por não concordar em deixar de ter um representante na comissão selecionadora.

Para 2006, levando em consideração que o técnico Carlos Alberto Parreira tem poucas dúvidas para fechar o grupo de 23 jogadores que representará o Brasil na Alemanha e o fraco futebol apresentado pelos clubes cariocas nos últimos anos, as chances de algum atleta que atua no Rio de Janeiro compor o elenco da seleção são praticamente nulas.

No entanto, o Flamengo é o clube que mais tem chances de ter um jogador na Copa do Mundo de 2006. Mas não pela seleção brasileira, e sim pela paraguaia. Contratado em meados de 2005 para solucionar o problema do ataque rubro-negro, César Ramirez deve ser chamado pelo técnico Aníbal Ruiz. El Tigre, como é conhecido o jogador, participou de alguns jogos das Eliminatórias.

\"O Flamengo estará representado duplamente na Alemanha. Teremos o Ramírez pela seleção do Paraguai e o Zico, dirigindo o Japão. Fora os jogadores que vêm da nossa base, como Adriano, Júlio César e Juan\", declarou Isaías Tinoco, gerente de futebol do Fla, prevendo El Tigre na Copa.

Depois de \"comemorar\", o dirigente da equipe da Gávea lamentou a fraca economia do futebol brasileiro, a culpando pela ausência de jogadores de clubes cariocas na seleção brasileira. Mas lembrando, porém, que muitos nasceram em terras fluminenses:

\"A sedução do mercado é muito grande. Temos muitos cariocas na seleção. Se eles não estão no Rio é porque a nossa economia não permite. O Adriano é nascido aonde? E o Ronaldo? Quais jogadores de times de São Paulo vão à Copa? O Marcos? Será que ele vai mesmo? Cicinho?\".

Ao usar como referência a provável lista dos 23 convocados para a Copa da Alemanha, cinco jogadores (Júlio César, Juan, Gustavo Nery, Ronaldo e Adriano) nasceram no estado do Rio de Janeiro. E dez (Marcos, Luisão, Cafu, Cicinho, Roberto Carlos, Edmílson, Zé Roberto, Ricardinho, Júlio Baptista e Robinho) são naturais do estado de São Paulo.

Para ex-craques, parceria é a solução
Com seus clubes mais lutando contra o rebaixamento do que por títulos nos últimos anos, o Rio de Janeiro não só perdeu representatividade na seleção brasileira, como também credibilidade no cenário nacional.

Salvo o Fluminense neste ano de 2005, no qual foi vice-campeão da Copa do Brasil depois de perder para o Paulista de Jundiaí, campeão estadual e quinto colocado no Campeonato Brasileiro, todos passaram por momentos caóticos nos últimos anos. A solução para o fim disso, segundo ex-craques, é uma sólida parceria.

\"Atualmente no futebol não existe como não ter parceria, mas não interessa para os dirigentes do futebol carioca ter alguém junto com eles para planejar. Eles não querem ninguém interferindo no trabalho deles. Com parceiros, eles teriam de planejar melhor, prestar contas e ainda teriam a interferência. Por isso eles não acham interessante\", disse Roberto Dinamite, ídolo vascaíno.

\"O futebol do Rio de Janeiro precisa de alguém que dê o que comer para ele. Um clube da tradição do Flamengo, por exemplo, não pode ficar correndo atrás dos outros. Tem de ser o contrário\", finalizou o ex-jogador do Botafogo Jairzinho, referindo-se aos patrocínios.


RIO DE JANEIRO EM COPAS DO MUNDO
Ano País sede Cariocas
1930 Uruguai 24
1934 Itália 12
1938 França 18
1950 Brasil 13
1954 Suíça 12
1958 Suécia 12
1962 Chile nove
1966 Inglaterra dez
1970 México seis
1974 Alemanha seis
1978 Argentina nove
1982 Espanha seis
1986 México seis
1990 Itália oito
1994 EUA três
1998 França cinco
2002 Coréia/Japão um
2006 Alemanha ?


GARÇONS DE COPA DO MUNDO
Botafogo - 47 jogadores
Vasco - 36 jogadores
Flamengo - 33 jogadores
Fluminense - 29 jogadores
São Cristóvão - cinco jogadores
Bangu - quatro jogadores
América - três jogadores
Ypiranga - dois jogadores
Americano - um jogador