Os clubes da Libra já negociam com o fundo Mubadala uma proposta para compra apenas dos direitos dos seus 18 times, e não da Liga inteira do Brasileiro. É uma alternativa pela dificuldade de acordo entre o grupo e a LFF (Liga Forte Futebol), que conversa com outros investidores. A tendência atual, portanto, é de uma negociação rachada em dois grupos dos direitos das Séries A e B para 2024.
A Libra conta em seus quadros com Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Vasco, Botafogo, Cruzeiro e Grêmio, com um total de 11 times da Série A. Já a Liga Forte Futebol conta com 26 times, sendo seus líderes Fluminense, Atlético-MG, Athletico-PR e Fortaleza.
Tanto representantes da Libra quanto Liga Forte Futebol relatam dificuldades de diálogo em relação à divisão das receitas de uma futura liga. Há conversas entre clubes dos dois grupos, mas não existe mais uma negociação em bloco para se chegar a uma tabela única.
A versão da Libra é que a Liga Forte Futebol se fechou para o diálogo sobre divisão de dinheiro porque prioriza acertar a venda de seus direitos para o fundo Serengeti e LCP Corretora. A versão da LFF é de que a Libra não apresenta uma proposta oficial e concreta de critério para dividir receitas ao grupo preferindo tentar conversar de forma individual com seus times para tentar atrai-los.
Neste conflito de versões, a Libra decidiu avançar com o grupo atual. Os clubes já tinham fechado uma negociação exclusiva com o Mubadala em torno da proposta de compra de 20% dos direitos da Liga do Brasileiro. O valor a ser pago seria de R$ 4,750 bilhões. A ideia seria atrair os clubes da LFF.
Inicialmente, o Mubadala cogitava uma negociação só pelos direitos dos clubes da Libra, mas sem ter uma avaliação de um número. Como o diálogo com a outra Liga está travado, já está em curso um novo processo de avaliação para determinar o valor só do percentual referente aos 18 clubes da Liga.
A avaliação entre os clubes é de que representam 85% dos torcedores e, portanto, devem levar gerar os jogos mais atrativos e mais valiosos do Brasileiro. Se bem-sucedida, a negociação poderia gerar um pagamento ainda neste semestre para os clubes pelo fundo.
Há inclusive um debate na Libra de se criar uma liga só com os times da entidade. Mas é um ideia, por enquanto, embrionária até porque implicaria em uma ruptura à ordem esportiva atual e teria implicações na legislação e na CBF. A confederação, que apoia a Liga, poderia rejeitar uma liga só com parte dos clubes da Série A.
Em paralelo, a Libra continua a negociação de mudanças dos critérios de divisão de receita. Ao entrar na entidade, o Bahia apresentou uma nova ideia de tabela, que prevê uma diferença máxima de 3,9 entre o clube que mais ganha e o que menos ganha. Esse critério foi apresentado também para os clubes da Liga Forte Futebol.
Outro ponto já determinado é o fim da unanimidade obrigatória para alterar os critérios de divisão de receita. O estatuto da Libra será alterado nesse sentido.
Outros clubes engajados na discussão dos critérios de receitas são o Red Bull e o Cruzeiro. Tanto o time mineiro quanto o Grêmio negaram à reportagem qualquer possibilidade de saída da Libra.
Já a Liga Forte Futebol recebeu uma proposta do fundo Serengeti e LCP Corretora de R$ 4,850 bilhões por 20% de todos os direitos da Liga. Essa oferta previa um valor em torno de R$ 2,2 bilhões só pelos direitos dos 26 clubes da LFF desde que cumpridas determinadas condições. O contrato ainda está em negociação e não está fechado.
Se for aceito e concretizado, também pode implicar na negociação dos direitos dos clubes da LFF em bloco. Até porque o contrato, revelado pelo blog, prevê uma exclusividade para que o grupo participe de negociações dos direitos dos times até o final do ano.
Pelas condições do investimento, os clubes da LFF também poderiam receber pagamentos ainda neste semestre pelos seus direitos futuros.