Colunista diz que rebaixamento em 2013 do Vasco parece inevitável

O mantra da recuperação vascaína no retorno à elite do futebol nacional e às conquistas de peso, como a Copa do Brasil do ano passado, era o belo “O Sentimento Não Pode Parar”. Lindo! Nunca tive dúvidas de que os vascaínos continuariam amando muito o Vasco mesmo após a ida do glorioso clube da Colina para a Série B. Ainda mais porque o Vasco, desde os primórdios, deu lição em rivais preferindo ser uma agremiação democrática na segundona e na periferia a integrar uma elite e uma sociedade de forma torta e preconceituosa.

Mas, se o sentimento nunca parou e nunca vai parar, o pagamento de salários e outras coisas a seus profissionais pararam antes, estão parados agora e devem continuar parando, segundo “revelou” o maior ídolo da história do clube, o atual presidente Roberto Dinamite. Foi uma bomba mesmo a declaração dele. Para justificar a vergonha que é não pagar seus subordinados devidamente, lembrou que jogou décadas no Vasco também sem receber em dia. Isso seria “normal”, segundo ele. Só que isso não pode ser normal em nenhum lugar e em nenhum momento, ainda mais numa instituição centenária com milhões de seguidores e que recebe vultosas verbas de TV e de patrocinador (inclusive estatal). Nem a venda de atletas serviu para colocar em dia o arroz e feijão de cada dia, algo que ficou claro em uma reveladora reportagem produzida pelos colegas Victorino Chermont e Claudio Portella no FOX Sports.

De uma vez por todas, O PAGAMENTO NÃO PODE PARAR! Sou completamente a favor de punições esportivas para clubes que tenham dívidas com seus profissionais. Afinal estamos falando de futebol profissional. São trabalhadores que estão sendo explorados, que estão dando seu suor sem receber o combinado. Se não tem dinheiro para montar um Expresso da Vitória, monte um time barato com Pequenos Vascaínos, como foram Romário, Edmundo e o próprio Roberto Dinamite. Sim, esses e tantos outros craques não custaram quase nada ao Vasco. Se não há dinheiro nem para alimentar a base, que feche as portas do departamento de futebol e não deixe garotos morrendo sem a devida assistência no “trabalho”.

Outros clubes brasileiros também atrasam salários? Infelizmente, sim. Outros clubes estrangeiros também atrasam salários? Infelizmente, sim. Por isso que a Fifa e a Uefa estão certas e precisam levar mesmo a sério o “fair play financeiro” e as regras que punam severamente os clubes que não arcam com os seus compromissos. Talvez não seja justo torrar fortunas mesmo com o futebol, mas certamente é muito mais injusto não pagar o pão nosso de cada dia aos próprios profissionais, sejam esses humildes ou não. Marcelo Oliveira acumulou capital suficiente para trabalhar um mês e meio no Vasco sem receber nada e não passar aperto. Mas e aquele garotinho pobre que depositou todos os seus sonhos numa carreira no Vasco e que, mesmo ralando para chegar aos treinos e jogos, não tem recebido quase nada em troca? Se ele, mesmo sendo vascaíno de coração, aceitar a oferta de um outro clube grande que pague em dia e lhe dê boas condições, deverá ser considerado um traidor da Cruz de Malta? Claro que não!

Pelo o que dirigentes que deixaram a diretoria do Vasco estão falando, a situação financeira do clube é tão caótica que parece inevitável o rebaixamento do Vasco no ano que vem. No mundo ideal, correto e justo, o Vasco tinha que ser rebaixado neste ano mesmo. E junto com todos os outros clubes da primeira divisão que estão com salários atrasados. O lateral-esquerdo Ramon falou no FOX Sports Rádio, até com um incompreensível orgulho, que seu time atual, o Flamengo, “apenas lhe deve salário”, diferentemente do Vasco, que lhe deve fundo de garantia e outras coisas. Assim Ramon deu a entender.

Dinheiro vai, dinheiro não vem, e há valores muito maiores do que isso em campo, no esporte e na vida. Que as leis do futebol, uma atividade que não pode ser vista como algo à margem da sociedade, sejam mesmo bem claras e duras: O PAGAMENTO NÃO PODE PARAR!