Equipe apresenta evolução na vitória por 3 a 0 sobre o CRB e merece ter continuidade na Série B.
O Vasco marcou três gols, mas a dificuldade na criação torna a produção ofensiva pobre. O time ficou menos vulnerável apesar de ter sofrido duas bolas na trave. Estas aparentes incongruências ajudam a explicar os pontos positivos e negativos do novo esquema tático adotado por Marcelo Cabo no 3 a 0 sobre o CRB, sábado, uma vitória que acalmou o até então tumultuado ambiente de São Januário.
De todas as possíveis críticas ao treinador vascaíno, uma não pode ser feita: ter medo de arriscar. No momento de maior turbulência do trabalho, após a derrota em casa para o Avaí, quarta-feira, que gerou protestos violentos de torcedores, reuniões da direção com elenco e comissão técnica e até uma pressão externa pela troca de comando logo no início da Série B, Cabo não se furtou de mudar.
Mexeu em sete jogadores (o número subiu para oito pois Vanderlei testou positivo para Covid-19) e trocou de esquema: o 4-2-3-1 deu lugar ao 4-4-2, com as suas variações. O posicionamento e a postura dos atletas (aqui um mérito deles) também ajudou a melhorar o desempenho.
A evolução defensiva se explica, inicialmente, pelo retorno de Leandro Castan. O capitão é o melhor zagueiro do elenco e sabe liderá-lo. Nos 90 minutos, a voz dele foi a mais ouvida em campo. Orienta, cobra, incentiva. Sem ele, o time fica mais passivo. Com ele, Ernando melhora o nível de atuação. E os dois marcaram bem e praticamente não erraram.
Ocorre que a dupla de zaga estava melhor protegida. E aqui está o maior acerto de Cabo: o posicionamento do meio. Romulo, Bruno Gomes, MT e Morato, por vezes, formaram um losango. Por vezes, uma linha de quatro. E, por vezes, com o recuo de Marquinhos Gabriel, que foi atacante ao lado de Cano, retomaram a formação antiga: dois volantes com três meias à frente.
Com esta intensa movimentação, o setor do campo foi melhor povoado. MT, pela esquerda, e Morato, pela direita, recompuseram muito bem. E todos brigaram muito para recuperar a bola, inclusive com marcação adiantada, algo que até então havia desaparecido do time. Um dado ilustrativo: o número de desarmes foi de 18 contra 12 registrado na derrota para o Avaí.
A dificuldade em criar chances de gol continuou, especialmente no primeiro tempo. Antes do gol, Cano quase marcou ao aproveitar falha de Frazan e roubar a bola. Até a bola na rede do centroavante, o Vasco não havia feito nada. O time trocou passes sem a velocidade necessária e não conseguiu criar espaços embora Bruno Gomes tenha qualificado a saída de bola. É provável que, com a continuidade da formação e os treinamentos, os movimentos sejam melhores sincronizados, o que pode melhorar o rendimento.
Como saiu na frente do placar, o Vasco soube aproveitar a vantagem de forma inteligente. Deu a bola ao CRB no segundo tempo e recuou a marcação. Ao tentar ser protagonista, o time nordestino acertou duas bolas na trave, é verdade, mas nunca foi dono do jogo. O Vasco conseguiu se manter apesar do desgaste físico, algo que precisa ser monitorado. Romulo, Bruno Gomes e Morato cansaram.
As trocas deram novo ânimo e, com Léo Jabá inspirado, Cabo conseguiu fazer a estratégia dar certo. Com boa saída de trás e em velocidade, o time marcou mais dois gols - o atacante fez um e criou a jogada da bola na rede de Marquinhos Gabriel. Conseguiu aproveitar momentos nos quais o CRB estava desarrumado, tentando o ataque. Foi letal.
O Vasco volta a campo, na quinta-feira, em Belo Horizonte, contra o Cruzeiro. A formação merece ter continuidade. Um novo resultado positivo poderá colocar o time na zona do acesso à Série A.