Com Leandro Amaral de volta, Renato deve sacar um dos três zagueiros contra

O técnico Renato Gaúcho usa a linguagem figurada de um avião decolando para mostrar sua certeza de que o Vasco está começando a fugir do rebaixamento.

E, na reta decisiva para escapar da Segundona, Renato já sabe como vai armar o time com Leandro Amaral de volta. Contra o Atlético-PR, quinta-feira, em São Januário, um dos jogos em que a vitória é obrigatória, o Vasco adota de novo o esquema com dois zagueiros, devendo sair um Luiz: Eduardo ou Jorge.

— Leandro Amaral estando em condições, tem que jogar, não tem jeito. Vai sair um zagueiro — disse Renato, que ontem à tarde deixou o aeroporto em disparada e desperdiçou a chance de exaltar a vitória sobre o Goiás, embora, nas entrevistas pós-jogo, tivesse soltado algumas de suas frases de efeito. — Está todo mundo remando para o mesmo lado e agora a favor do vento. É a hora do avião decolar. Nunca vi um avião dar ré. Mas já falei: pés no chão. Não ganhamos nada.

Talvez por conta dessa política de pés no chão na hora de saborear uma vitória expressiva como a de anteontem, 4 a 2 sobre o Goiás no Serra Dourada, o treinador vascaíno e o time tenham derrapado na pista e acabado dando a impressão de que, nem após um resultado favorável, a tensão e a preocupação foram embora.

— Não tenho nada para falar com vocês — surpreendeu Renato Gaúcho ao sair da sala de desembarque do Tom Jobim.

Pareceu mais ou menos uma senha para os outros membros da delegação. Destaque do jogo pelos dois gols e o passe para outro, Edmundo mirou a porta do saguão do aeroporto e, em linha reta e em ritmo veloz, foi embora, quase atropelando quem tentava lhe fazer uma pergunta. O zagueiro Fernando e Madson foram dos poucos a descerem do pedestal. O meia que, no domingo, no choro após a derrota para o Flamengo, já tinha mostrado seu caráter, mostrava orgulho pelo bom resultado.

— No futebol não é bom ficar remoendo o passado, mas vínhamos de ótimas atuações contra Sport e Flamengo, jogos que poderíamos ter vencido.

Nos esforçamos demais e nos preparamos muito para esse jogo contra o Goiás. Sabíamos que seria difícil, mas pela luta de todos nessas últimas semanas nós merecíamos essa vitória — comentou Fernando.

— No jogo contra o Flamengo, jogamos bem e a bola não entrou. Agora ela entrou. Em nome de Jesus, tomara que a sorte fique do nosso lado. Tem que continuar assim. Até que enfim vamos voltar para casa felizes — afirmou Madson.

Porém, pela reação e fisionomias fechadas de Renato, Edmundo & Cia. no desembarque, ficou no ar a impressão de que o ambiente na delegação era de tensão. Impressão logo desfeita por quem estava no vôo.

— Tudo tranqüilíssimo, o clima melhorou muito, a gente precisava dessa vitória — vibrava o gerente de futebol Carlos Alberto Lancetta.

Estava tudo tranqüilo mesmo.

Em torno dos jogadores e do presidente Roberto Dinamite, cerca de dez seguranças tinham pouco a fazer no saguão do Tom Jobim. Apenas um torcedor apareceu com a camisa vascaína e ainda assim quando todos já tinham ido embora.

Com 30 pontos, 18º ocolocado no Brasileiro, o Vasco tem mais cinco jogos no Rio, um deles no Maracanã, e dois fora — AtléticoPR (30/10, RJ), Fluminense (2/11, RJ) Santos (8/11, RJ), Atlético-MG (16/11, MG), São Paulo (23/11, RJ), Coritiba (30/11, PR) e Vitória (7/12, RJ).

Todos sabem que há muito dever de casa para fazer e são chances que Edmundo vai ter para tentar superar o recorde de gols do desafeto Romário em Brasileiros (155). Ele tem 152 e ainda está longe do maior recordista, o atual presidente Roberto Dinamite, que marcou 190 gols.