Dois anos e meio de reforma e cerca de R$ 1,2 bilhão não foram suficientes para deixar o Maracanã pronto para a Copa das Confederações. Nesta sexta-feira, o governo do Rio de Janeiro repassou oficialmente à Fifa o controle sobre o estádio. Apesar disso, as obras para adequar o espaço às exigências da entidade máxima do futebol ainda não foram concluídas, ao contrário do que havia sido prometido.
Nesta manhã, enquanto funcionários do COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo) assumiam seus novos postos no Maracanã, centenas de operários ainda trabalhavam no que deveria estar pronto já desde o final do ano passado. Rampas de acesso ainda não estão prontas, parte do acabamento do estádio continua sendo feita e até o trabalho de pintura não acabou.
A nova cobertura do Maracanã, que já começou a ser instalada com pelo menos um mês de atraso, também não está 100% concluída. Algumas placas de metal que vão proteger a estrutura que sustenta as lonas que cobrirá os torcedores não foram colocadas no seu devido lugar, assim como vidros das áreas VIPs do estádio.
Na chamada área intramuros do Maracanã, a situação é pior. O espaço dedicado à circulação de torcedores após sua passagem pela roleta é hoje um grande canteiro de obras. No lado do Maracanã mais próximo à estação de metrô que serve ao estádio, por exemplo, o intramuros ainda é pura terra e lama, o que dificulta até a movimentação de caminhões e máquinas que ainda trabalham na reforma do Maracanã.
Nenhum dos novos postos de entrada de torcedores, onde ficarão as roletas, está pronto. Os dois mais adiantados estão em fase de acabamento. Os dois mais atrasados, entretanto, ainda estão em plena construção. Para que o público possa passar ali no próximo dia 2, por exemplo, dia do amistoso entre Brasil e Inglaterra, ainda há muito trabalho a fazer.
Atrasos e aumentos
Iniciada em 2010, a reforma do Maracanã para a Copa foi anunciada ao custo de R$ 600 milhões. Quando a reforma começou, em setembro daquele ano, seu orçamento já era de R$ 705 milhões. O prazo de entrega era dezembro de 2012.
O tempo passou e o custo subiu. O governo chegou à conclusão de que a demolição da cobertura do estádio era necessária. Com isso, o custo da reforma chegou a R$ 859 milhões. Neste mês, o governo publicou um aditivo do contrato da reforma do estádio. A obra passou a custar R$ 1,049 bilhão. Juntando outras adequações adicionais e outros contratos já assinados, as adequações só no estádio já custam R$ 1,12 bilhão.
A CULPA É DOS IMPREVISTOS
O \"imponderável\" foi o culpado pelo aumento de 87% no custo da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo segundo o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral.
Após seu governo assinar o décimo aditivo do contrato da obra no estádio e comprometer-se a pagar R$ 1,12 bilhão pelas adequações que inicialmente custariam R$ 600 milhões, Cabral afirmou que uma \"série de variáveis não esperadas\" ocasionou a alteração no orçamento.
Conforme o custo da obra ia subindo, sua entrega também ia sendo adiada. Quando o governo decidiu reconstruir a cobertura, ela passou para o final de fevereiro. Depois, no início deste ano, o governo anunciou que a reforma só acabaria 27 de abril.
Em março, o governo e as construtoras acordaram um novo prazo para o fim das obras. O nono aditivo do contrato da reforma foi assinado prevendo que o trabalho terminasse no dia 24 de maio, ou seja, nesta sexta-feira. O mesmo prazo vale para as obras da área intramuros, que foram contratadas separadamente. A data-limite, porém, não foi cumprida.
Procurada pelo UOL Esporte nesta sexta-feira, a Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro ainda não se pronunciou.
Já o COL confirmou em nota que o ideal era que a obra Maracanã, assim como a de outros estádios, tivesse sido concluída seis meses antes da Copa das Confederações, que começa no próximo dia 15. Para o comitê, no entanto, a entrega do estádio ainda em obras nesta sexta-feira não criará nenhum problema intransponível. \"Os desafios encontrados estão sendo superados por meio da integração entre Governo Federal, sedes, FIFA e COL\", declarou.