A Rússia surgiu como melhor ataque da Copa do Mundo e possível candidata a surpresa da competição depois de duas rodadas. Entretanto, no terceiro compromisso, o país-sede encontrou um choque de realidade. Mais acostumado a jogos deste nível, o Uruguai controlou os russos desde o primeiro minuto, venceu por 3 a 0 o duelo desta segunda-feira (25) em Samara e terminou como líder do Grupo A do Mundial.
Luis Suárez, Cheryshev (contra) e Edinson Cavani anotaram os gols e transformaram em vitória a melhor atuação uruguaia no torneio. O técnico Óscar Tabárez modificou o desenho do meio-campo – com Bentancur mais adiantado -, optou por um lateral mais ofensivo (Laxalt) e aumentou a aproximação a Suárez e Cavani. Os dois jogadores “diferentes” do time, mais bem acompanhados, fizeram a diferença.
O resultado positivo deixou o Uruguai com 100% de aproveitamento. Foi a primeira vez na história que a seleção celeste terminou com campanha perfeita na fase de grupos desde a imposição de três confrontos nesta parte da competição. A Rússia, derrotada pela primeira vez após sobrar contra Egito e Arábia Saudita, estacionou nos seis pontos.
Desta forma, o Uruguai aguarda o segundo classificado do grupo B (Espanha, Portugal e Irã disputam duas vagas) para o duelo nas oitavas de final, marcado para o dia 30, em Sochi. Com a segunda colocação, a Rússia vai estrear no mata-mata em 1º de julho, no Luzhniki, em Moscou, contra quem ficar em primeiro na chave de espanhóis, portugueses e iranianos.
Quem foi bem: Laxalt
Tabárez promoveu duas alterações fundamentais para o Uruguai controlar completamente a Rússia. Talvez a que melhor rendeu foi Diego Laxalt, titular na ala esquerda da equipe. O jogador que possui características ofensivas maiores em comparação a Martin Cáceres, deslocado para a direita, participou diretamente do segundo gol (teve o chute desviado por Cheryshev) e ainda sofreu a falta que resultou na expulsão de Smolnikov.
Quem foi mal: Smolnikov
O titular, após duas boas atuações, é poupado. Você ganha a chance de iniciar um jogo de uma Copa do Mundo, mas desperdiça a oportunidade em apenas 35 min. É assim que se resume a participação de Smolnikov contra o Uruguai. O lateral-direito substituiu o brasileiro Mario Fernandes, sofreu com a marcação e foi expulso ainda no primeiro tempo, após duas duras faltas. Dificilmente deve atuar novamente nesta Copa do Mundo.
Suárez próximo de fazer história
São três jogos de Copa do Mundo, e o Uruguai terá pelo menos mais uma exibição na Rússia. Chance para Luís Suárez escrever o seu nome em mais um recorde pela Celeste Olímpica. Maior artilheiro da história da seleção bicampeã mundial, o centroavante do Barcelona agora pode se tornar o principal goleador do país em Copas do Mundo. Com o gol desta segunda, o camisa 9 chegou a sete, apenas um atrás de Oscar Míguez, membro da equipe do Maracanazzo em 1950.
Choque de realidade
Foram dois “passeios” contra Arábia Saudita e Egito, com direito a um ataque avassalador e de destaque no Mundial. Entretanto, diante do tradicional Uruguai, a Rússia encontrou um choque de realidade. Enfrentando um time melhor armado e muito superior a sauditas e egípcios, os donos da casa não conseguiram apresentar o futebol envolvente das duas jornadas de abertura da competição. De grande chance, apenas o chute de Cheryshev aos 13 min.
Uruguai “mata” o jogo no 1º tempo
Conforto é uma palavra pouco conhecida pelo futebol uruguaio, geralmente acostumado a vitórias duras e apertadas. Mas, nesta disputa direta pela liderança do Grupo A, o time celeste praticamente “matou” o confronto ainda na primeira etapa com os gols de Suárez (10 min) e Chershev (contra, aos 23 min). A situação evoluiu ainda mais com a expulsão de Smolnikov aos 35 min de jogo.
Rússia poupa destaque
Mesmo diante de uma disputa pela liderança da chave, a Rússia escolheu o jogo contra o Uruguai para poupar Golovin, um dos destaques do time nos dois primeiros duelos pelo Mundial (Arábia Saudita e Egito). Além dele, o brasileiro Mario Fernandes também começou no banco, mas precisou entrar depois da expulsão de Smolnikov, justamente quem substituiu o brasileiro nesta segunda, ainda na primeira etapa.
Uruguai muda formato do meio-campo
É comum o Uruguai passar por pequenos ajustes em sua formação neste tipo de torneio. Tabárez muda peças e testa nomes até encontrar o padrão desejado. Contra a Rússia, o treinador tomou uma medida um pouco mais drástica, mudando o desenho do meio-campo e dando maior liberdade a Rodrigo Bentancur. O jogador da Juventus atuou avançado, reforçado pela trinca de volantes Nández, Vecino e Torreira, e aumentou o volume ofensivo dos sul-americanos ao se aproximar de Cavani e Suárez. Consequentemente, o time cresceu.
Presença de ídolo
O Uruguai contou com o apoio de um grande ídolo do país nas cadeiras da Arena de Samara. Ex-zagueiro celeste, Diego Lugano, que está na Rússia como um dos embaixadores da Conmebol, esteve no estádio com os filhos Thiago e Nicolás para prestigiar a seleção bicampeã mundial.
Copa política
Sósias do presidente russo e do líder da Coreia do Norte estiveram presentes no estádio
Imagem: Maddie Meyer/Getty Images
Chamou a atenção de quem estava no estádio a presença de dois sósias de personagens sem ligação com o mundo do futebol. As agências de notícias e torcedores fizeram questão de registrar o momento do encontro entre "Vladimir Putin", presidente russo, e "Kim Jong-Un", ditador da Coreia do Norte.
FICHA TÉCNICA
URUGUAI 3 x 0 RÚSSIA
Local: Arena de Samara, em Samara (Rússia)
Data: 25 de junho de 2018 (segunda-feira)
Horário: 11h (de Brasília)
Árbitro: Malang Diedhiou (Senegal)
Assistentes: Djbril Camara e El Hadji Samba (ambos do Senegal)
Cartões Amarelos: Smolnikov (Rússia)
Cartão Vermelho: Smolnikov (Rússia)
Gols:
URUGUAI: Suárez, aos 10min do 1º tempo, Cheryshev (contra), aos 23min do 1º tempo, e Cavani, aos 45min do 2º tempo
URUGUAI: Muslera; Cáceres, Coates, Godín e Laxalt; Nández (Cristian Rodríguez), Vecino e Torreira; Bentancur (De Arrascaeta); Suárez e Cavani (Goméz).
Técnico: Óscar Tabárez.
RÚSSIA: Akinfeev; Smolnikov, Kutepov, Ignashevich e Kudriashov; Zobnin e Gazinskii (Kuziaev); Samedov, Al Miranchuk (Smolov) e Cheryshev (Mario Fernandes); Dzyuba.
Técnico: Stanislav Cherchesov.