O Vasco anunciará seu novo patrocinador máster, o BMG, em entrevista coletiva a ser realizada na tarde desta terça-feira. O torcedor já tem noção de como funcionará a parceria. A marca laranja será estampada no peito, região nobre do uniforme, e a expectativa é de que o patrocínio amadureça em 2019 e chegue a 2020 com uma remuneração de R$ 15 milhões anuais. O que o torcedor ainda não sabe, e o blog antecipa, é da estratégia que o marketing vascaíno optou para bater essa meta.
O contrato que acaba de ser assinado segue lógica diferente da convencional. Em vez de ser remunerado pela mera exposição da marca do patrocinador no uniforme, o Vasco estabeleceu uma parte fixa e outra variável dentro da remuneração que espera obter. Atlético-MG, Corinthians, Cruzeiro e Flamengo assinaram contratos similares. Assim como nos casos deles, a parte variável está condicionada ao desempenho de um negócio conjunto com o patrocinador.
A diferença está nos meios para chegar a esse desempenho. O Vasco terá um banco customizado em parceria com o banco mineiro, Meu Vasco BMG, e receberá metade do lucro a ser contabilizado por essa "sociedade". Do mesmo modo que as demais associações, a diretoria cruzmaltina precisará convencer torcedores a abrir contas e movimentá-las com crédito e investimentos, taxas e juros. Este é um meio importante para rentabilizar o patrocínio, porém não o único.
Também está prevista a remuneração conforme produtos financeiros que o Vasco oferecerá a empresas. Estabelecimentos como padarias, mercados e postos de gasolina poderão adotar tal máquina de débito e crédito, por exemplo, e um pequeno percentual sobre cada transação será direcionado para o banco cruzmaltino. Esses comércios podem pegar crédito e pagar juros, ao antecipar receitas de compras parceladas por clientes. De novo, parte disso vai para o banco vascaíno.
A estratégia também abrange bares e micro empreendedores individuais, como ambulantes que possuem máquina para cartão, ambos muito próximos do ambiente do futebol. As hipóteses estão na mesa. A partir de agora, o marketing vascaíno está incumbido de finalizar a estratégia comercial e colocá-la em prática para alavancar o patrocínio.
Traduzindo para o linguajar do mercado, o Vasco aumenta as chances de sucesso do patrocínio ao trabalhar também com B2B (business to business), além do B2C (business to costumer) que todos os clubes farão uso. A jogada combina com o retrospecto recente do BMG. Em setembro do ano passado, o banco comprou 65% da empresa Pago Cartões e a rebatizou Granito, justamente a empresa que fornece máquinas para cartões e outros serviços financeiros para varejistas.
A novidade, a ser detalhada pelo marketing cruzmaltino nesta terça, também pode desarmar possível resistência de torcedores em relação ao patrocínio. Em outros clubes, a repercussão sobre o novo modelo de parceria oscilou entre o otimismo exagerado e a percepção de que fãs serão explorados, uma vez que contratos só renderão para valer caso os clientes paguem taxas e juros aos bancos customizados. Com o B2B, ao menos o Vasco tem mais uma opção para ganhar dinheiro.