A paralisação forçada do futebol brasileiro por conta do coronavírus também tem impactado o comércio no entorno dos estádios. Em São Januário, por exemplo, não é diferente em bares, quiosques e até no estúdio de tatuagem cruz-maltino, que fica em frente ao clube. Sem jogos do Vasco, os comerciantes tentam driblar a crise de diferentes maneiras.
Fundado em 2017, O "Studio da Colina" comunicou aos seus clientes e seguidores no último fim de semana que estava suspendendo suas atividades por tempo indeterminado.
Priorizando tatuagens e piercing com a temática do Vasco, o estabelecimento destacou ao UOL Esporte que tem focado nas redes sociais e na venda online de produtos como camisetas, bonés, bermudas e outros utensílios da marca.
"Por hora, só estamos através do WhatsApp e Instagram fazendo orçamento, respondendo dúvidas e vendendo nossos produtos, que são enviados pelos Correios. Nossas páginas no Instagram e Facebook permanecem ativas. Aliás, mais ativas do que nunca. Com o tempo que temos agora, estamos aproveitando para produzir todo conteúdo que sempre quisemos produzir, mas com a correria do dia a dia não conseguíamos dar conta de fazer antes. É um momento de responsabilidade. Mesmo que para o Studio seja prejudicial financeiramente, acreditamos que estamos num momento que precisamos priorizar o bem-estar coletivo, para que todos juntos possamos atravessar esse momento tão difícil", destacou Raul Magalhães, tatuador e sócio do estúdio.
Segundo o empreendedor, mesmo antes de suspenderem suas atividades, a procura já estava baixa pelos serviços:
"No momento que tomamos a decisão, a procura já havia baixado um pouco, mas ainda existia procura e inclusive tínhamos alguns clientes agendados. O motivo principal se deu em respeito às orientações do Ministério da Saúde e da OMS [Organização Mundial da Saúde], porque compreendemos que essa não é só a melhor medida para garantir a saúde de nossos clientes e equipe, mas também de toda a sociedade, já que suspendendo nossas atividades contribuímos para que menos pessoas estejam circulando nas ruas", declarou.
Conhecida nos pré-jogos de São Januário pelo estilo boêmio e de confraternização, a torcida "Vasdréia" aluga um quiosque na rua General Almério de Moura — em frente à entrada social do estádio — desde setembro de 2019 com um custo mensal de R$ 900.
Em dias de jogos, o estabelecimento faturava de R$ 1.800 a R$ 2.500, dependendo do público e do resultado em campo do Vasco. Com a suspensão dos campeonatos por tempo indeterminado, o prejuízo já é inevitável e o clima é de incerteza, mas, mesmo assim, os inquilinos decidiram por manter os pagamentos das mensalidades em prol da solidariedade.
"Não vamos suspender, pois o dono é funcionário do Vasco e está sem receber também [por conta dos salários atrasados do clube]. A torcida vai se cotizar e arcar com o aluguel até os jogos voltarem", destacou Alexandre Silva Gomes, integrante da Vasdréia e um dos responsáveis pela administração do quiosque.
O entorno de São Januário possui três ruas com maiores pontos de comércio. A General Almério de Moura fica mais movimentada nos jogos, portanto, foi muito afetada. A Ricardo Machado, por ser uma porta de entrada para a comunidade Barreira do Vasco, ainda possui boa circulação semanalmente fora dos períodos de isolamento, como agora. Há ainda a rua São Januário, que possui dois bares para o setor dos visitantes. Antes do período da pandemia, os estabelecimentos serviam almoço no dia a dia para moradores e trabalhadores da região.
Ontem (25), o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), anunciou um decreto para autorizar o funcionamento de lojas de materiais de construção e conveniência (em postos de gasolina) a partir de amanhã (27). O político, porém, frisou que o restante das atividades deverá se manter suspenso.