A arbitragem vai ser orientada a não marcar faltas e pênaltis em contatos sutis no Brasileiro. É o que indicam os pareceres do Comitê Consultivo de Especialistas Internacionais - CCEI da CBF sobre os lances da três primeiras rodadas da Série A.
Ao mudar sua arbitragem, a CBF decidiu pela criação de um comitê acima da comissão da arbitragem. É composto pelos ex-árbitros Sandro Meira Ricci, Nicola Rizolli e Nestor Pitana. As posições deles orientam a direção da comissão de arbitragem.
Pois bem, em três rodadas, houve lances bem discutidos como o pênalti para o Palmeiras diante do Sport, a bola na mão de Gerson, do Flamengo, e a expulsão do zagueiro cruzeirense Jonathan Jesus.
O comitê emitiu pareceres sobre oito jogos até agora. E se posicionou contra a marcação de faltas em contatos mínimos e até fortes por sete vezes. E descartou pênaltis por toque da mão duvidoso no caso do toque do capitão rubro-negro.
Na primeira rodada, o Comitê não viu falta de jogador do Grêmio no início da jogada de gol do time, em bola em que está com o pé mais levantado. A conclusão é similar à da arbitragem e do VAR.
No Inter x Cruzeiro, o comitê não viu falta do zagueiro celeste Jonathan Jesus que levou a sua expulsão. E explicação deixa claro como os ex-árbitros não entendem que qualquer contato é falta: "O jogo produz disputas interpretativas e, no caso desse lance específico, o contato entre os atletas, seja nas costas ou abaixo, é resultado de ações normais da partida.".
Na visão do comitê, a situação até podia levar ao vermelho se houvesse falta porque impediria uma situação de gol. O árbitro Marcelo Lima Henrique e a equipe de VAR foram afastados pela CBF.
Em outro caso de afastamento, na segunda rodada, o comitê de especialistas também explicitou que não aceita qualquer contato como falta ao condenar a marcação do pênalti em Raphael Veiga, do Palmeiras, contra o Sport. O árbitro Bruno Arleu foi suspenso, assim como a equipe do VAR.
"O defensor toca claramente a bola e não faz um movimento adicional que possa justificar a infração marcada. O contato é acidental, consequentemente, a bola atinge a perna direita do atacante desequilibrando-o e causando a queda, uma situação clara para o auxílio do Árbitro Assistente de Vídeo", disse o comitê.
Até no lance de Vegetti com o zagueiro do Sport no gol vascaíno, que é um contato bem mais duro com empurrão e mão no rosto, o comitê não viu falta. Apesar de reconhecer a ação mais forte de Vegetti, que atrapalha o defensor, o comitê não vê falta. O texto é exemplar do novo entendimento da arbitragem.
"Os componentes do Comitê Internacional chegaram à conclusão de que, no lance citado, o atacante do Vasco/RJ usa o braço direito, na busca por espaço e referência, mas também, acaba por empurrar seu adversário nas costas, resvalando no rosto, antes de cabeceá-la. Dessa forma, tal movimento inicial de empurrão tende a dificultar a possibilidade do defensor do Sport/PE de realizar o salto e, consequentemente, disputar a bola.
Importante ressaltar que a dinâmica da partida em situações de disputas aéreas na área deve ter critério e uniformidade e, sendo assim, caso essa jogada envolvesse um cenário reverso entre defensor, disputando com o atacante, da forma que as imagens reproduzem, a interpretação dos elementos poderia levar a uma conclusão de não infração, ou seja, não penal.".
Por fim, o comitê também não viu pênalti no toque de bola no braço de Gerson, do Flamengo. "Não há infração do defensor do Flamengo/RJ, pois, a bola veio inesperadamente de um companheiro de sua equipe e o braço estava em uma posição natural", diz o comitê.
A comissão de arbitragem, comandada por Rodrigo Martins Cintra, não comenta esses pareceres. Mas deixa claro que eles são autoexplicativos.