O que você fazia aos 17 anos? Nessa idade, em 2010, Philippe Coutinho marcava o seu último gol pelo Vasco — vitória por 3 a 2 sobre o Bahia —, a semanas de completar 18 e partir rumo à Itália para atuar na Inter de Milão. Ontem, 14 anos depois, o cruz-maltino anunciou que o meia, agora com 32 e uma carreira de sucesso na Europa e na seleção brasileira, voltará a vestir sua camisa — o atleta será apresentado hoje, na Sede Náutica da Lagoa —, em empréstimo de um ano do Aston Villa-ING. Um retorno de um homem maduro, de família constituída, e um jogador com uma característica um pouco diferente, que aproveita suas melhores habilidades.
Coutinho estudou no Colégio Vasco da Gama e começou no futsal. Na categoria fraldinha, chamou atenção e logo foi puxado para o campo pelo ex-jogador Zeíca, já no Vasco. Fenômeno das categorias de base, em 2008 já estava vendido à Inter por 3,8 milhões de euros (10 milhões de reais, na cotação da época), aos 16 anos.
A estreia no time principal aconteceria no ano seguinte, na disputa da Série B, um empate em 0 a 0 com o Duque de Caxias. Os primeiros gols vieram em jogo marcante: uma goleada por 6 a 0 sobre o Botafogo pelo Carioca, já em 2010.
Ele completou a goleada com os dois últimos gols, exibindo algumas daquelas que se tornariam suas assinaturas: o drible curto, a bola colada ao pé e a verticalidade. Muitas delas, herdadas do passado no futsal. Era um meia-atacante que caía pelas pontas.
Foi com essas características que Coutinho se tornou um jogador de primeira prateleira no futebol europeu. Após um início complicado na Inter, deslanchou após empréstimo ao Espanyol-ESP e dali foi construindo sua história. Teve passagem marcante pelo Liverpool, onde aperfeiçoou a ideia de um meia criativo e ofensivo, mas se movimentando da ponta para o meio. E também mostrou que tinha chute preciso e muito perigoso da entrada da área, de onde se consagrou várias vezes.
Armador no Catar
Foram 54 gols e 44 assistências em 201 jogos pelos Reds. Também passou por Bayern de Munique, Barcelona e Aston Villa. Pela seleção brasileira, disputou a Copa do Mundo de 2018 e venceu a Copa América no ano seguinte. São 21 gols e nove assistências em 61 jogos pela Amarelinha.
No Al-Duhail, do Catar, clube pelo qual atuou na última temporada, e que oferece uma visão mais próxima do jogador que chega ao Vasco, Coutinho passou a explorar mais suas características de armador: os dribles curtos abrem espaço para passes que rasgam linhas ou para seus chutes, que seguem muito perigosos.
Pelo time do Catar marcou oito gols e deu três assistências em 23 jogos. Mas os números criativos chamam atenção. Na liga, manteve média de 1,9 passe decisivo por jogo e criou oito grandes chances em 16 jogos. Na Champions da Ásia, atuou em três partidas e teve média de dois passes decisivos.
No Catar, também cobrava faltas e pênaltis. Chega em São Januário como arma nesses fundamentos ao lado de Payet e Vegetti, respectivamente. Atuando centralizado e com a possibilidade de atuar pela esquerda, dará ao técnico Rafael Paiva uma boa dor de cabeça para o encaixe com o craque francês.
Família e novos objetivos
Coutinho deixou o Vasco ainda adolescente e hoje volta pai de três filhos com a esposa Ainê, com que está junto desde a juventude. São pais de José, de 3 anos de idade, Esmeralda (5 anos) e Maria (8 anos).