Uma das principais atrações que o futebol exerce sobre os torcedores é a irrevogável injustiça estabelecida entre desempenho e resultado. Ontem à noite, por exemplo, o Vasco finalizou mais de 30 vezes a gol. Já o Bahia deu quatro chutes. E a partida, disputada no Estádio São Januário, terminou empatada em 1 a 1. Marcando logo no início, o time visitante recuou as linhas, bloqueou os espaços a partir da intermediária defensiva, e por muito tempo sequer contra-atacou. Coube ao Vasco atirar-se ao ataque, ainda assim sem perder a organização.
Ricardo Gomes sistematizou o Vasco em um ofensivo 4-5-1 com três meias ofensivos (ou 4-2-3-1). Após o gol de Reinaldo, o treinador adiantou Felipe, e inverteu seu posicionamento com o de Éder Luís. Ambos atuaram como wingers de pés invertidos: o destro Éder Luís na esquerda, o canhoto Felipe na direita, tendo Diego Souza centralizado como ponta-de-lança.
Na primeira linha do meio-campo, posicionaram-se Juninho Pernambucano e Rômulo. Dupla também adiantada, partindo inicialmente de uma região agressiva, muito próximos do quarteto ofensivo completado pelo centroavante Alecsandro.
A estratégia era evidente: com Felipe e Éder Luís, ao mesmo tempo abrir a marcação do Bahia, mas quando eles realizavam diagonais, trazer a mesma marcação para dentro e abrir o corredor à passagem dos apoiadores laterais Márcio Careca e Fágner. Outro aspecto desta estratégia ofensiva Juninho e Rômulo no campo ofensivo foi assegurar agilidade na recuperação da segunda bola.
Somando os wingers de pés invertidos, os volantes adiantados e os laterais apoiadores, o Vasco alternou-se entre cruzamentos para a área (foram dezenas), consequentes escanteios (outro alto número) e chutes de longe. Sem, entretanto, conseguir infiltrar-se na área baiana.
O contexto mais relevante, acredito, é perceber que não houve omissão do Vasco. Ricardo Gomes adaptou seu time à necessidade do jogo, fez trocas Bernardo, Elton (autor do gol no último lance) e Leandro entraram e permitiu a seus jogadores realizar intensas inversões de posicionamento (Juninho com Rômulo, Éder com Felipe, Diego com Alecsandro).