Jogar em um grande clube europeu é o sonho de dez em cada dez jovens jogadores de futebol. Mas menos de 1% dos atletas alcançam esse objetivo em suas carreiras. Não é o caso de Muriel Dorigatti, o jovem atacante de apenas 18 anos, novo reforço do Vasco. O atleta passou três anos atuando nas divisões de base do Milan e agora retorna ao Brasil para defender outro gigante.
Confira a entrevista da nova promessa vascaína concedida com exclusividade para o Blog do Garone:
BG – Como foi sair tão cedo do Brasil, com apenas 15 anos, para atuar por um gigante como o Milan?
MD – Meu sonho sempre foi ser jogador profissional, meus pais sempre me apoiaram desde pequeno pra que eu pudesse alcançar minha meta, então eu sabia que seria necessário enfrentar muita coisa e encarei tudo como um desafio. Confesso que não tinha ideia do que viria, mas com muito trabalho, foco e perseverança os dias se tornariam como outros quaisquer, mesmo em se tratando do gigante Milan, isso no ano de 2010.
BG – Como foi a adaptação na Itália? Seus pais foram junto?
MD – Minha adaptação na Itália foi muito boa, me surpreendi até, frequentei escola regular, aprendi a língua, falada e escrita. Na primeira vez que viajei, meus pais não foram comigo, até porque precisei passar por um período de testes no clube. Já em 2011 meus pais viajaram a Milão onde fixaram residência por um período mínimo de seis meses, já que a legislação exige ser assim. Hoje tenho trânsito livre, possuo passaporte italiano.
BG – Mesmo muito jovem, você agora retorna ao Brasil com o status de já ter vestido a camisa do Milan. Você acha que isso pode pesar?
MD – De maneira alguma isso pesa, pra mim isso serve como uma experiência enorme. A cobrança sempre é grande pelo fato de ter vestido a camisa do Milan, mas faço meu trabalho no dia a dia e tento mostrar dentro de campo o que sei fazer.
BG – Você passou três anos no Milan e voltou antes de ter uma chance no time principal. O que você acha que faltou para permanecer na Itália ou o que você faria diferente?
MD – Sempre fiz minha parte como atleta, treinando e me regrando todos os dias. Acredito que a não oportunidade de jogar no time principal, se deve a uma série de fatores, aprendi que nesse meio, há muitos interesses ocultos. No que diz respeito ao fazer diferente, faria exatamente tudo igual e não me arrependo de nada, pois o meu objetivo é o de dar o meu melhor sempre, treino a treino, jogo a jogo. Por isso resolvi ir em busca do que achei ser melhor pra mim e voltar ao Brasil.
BG – Como foi essa negociação com o Vasco e a sua primeira impressão do clube após sua chegada?
MD – A negociação com o Vasco foi através de meu pai, marcamos uma data para apresentação e avaliação… Passado o período de testes, meu trabalho reconhecido, aqui estou. Agora é trabalhar para que eu possa ajudar o clube sempre que o Professor Sorato precisar.
BG – Como está sendo a sua readaptação ao futebol brasileiro? Tem sentido muita diferença?
MD – É muita diferença, não dá pra negar. O futebol italiano é muito truncado e a velocidade de raciocínio tem que ser muito rápida devido aos espaços reduzidos dentro de campo. Na minha opinião aqui no Brasil os jogadores tem um espaço maior e no meu caso, posso usar isso a meu favor aproveitando a minha velocidade. O Vasco tem uma equipe de excelente profissionais e estou feliz por estar aqui.
BG – O Vasco tem um grande histórico de revelar grande jogadores na sua base e sempre aproveitar os atletas mais jovens. Prova disso é a utilização de Danilo, Yago e Marquinhos nos profissionais. Você já pensa nisso ou ainda é muito cedo para subir de categoria?
MD – O maior objetivo de um jogador da base é subir para o profissional, não posso dizer que não penso nisso porque seria hipocrisia. Mas no momento eu penso em fazer bem o meu trabalho na base, uma chance no time principal vai ser consequência das minhas apresentações nos juniores.
BG – Fale um pouco sobre as suas características em campo. Tem alguém em que você se inspire, alguém que você usa como espelho?
MD – Sou um jogador rápido, gosto de driblar e explorar minha velocidade. Também tenho facilidade de chutar com as duas pernas, podendo jogar seja pelo lado direito ou esquerdo do campo. Gosto muito do Kaká nos tempos de Milan, mas atualmente meu ídolo é o Messi, pelo o que ele faz em campo e sobretudo pela humildade que ele tem fora dele.
BG – Por falar em Kaká, o Milan é conhecido por contar sempre com grandes jogadores brasileiros. Você chegou a ter contato com esses atletas? Como foi essa experiência?
MD – Bom, eu cheguei no Milan em 2010, época de Ronaldinho, Pato e Robinho, só craques! O Robinho foi a primeira pessoa que me recepcionou no aeroporto, e isso aos 14 anos, imagina minha felicidade. Com o passar do tempo, tive a oportunidade de conhecer outras feras a exemplo de Ibra, Balotelli entre outros. Foi uma experiência muito legal, um ótimo aprendizado!
BG – O que a torcida vascaína pode esperar de você? Mande um recado aos torcedores!
MD – A torcida vascaína pode esperar de mim é a garra, a vontade, a gana de empurrar a bola pra rede. Meu recado aos torcedores é de que assim como eu acreditei no vasco, eles também acreditem em mim.