Um lugar público, espaço de lazer e de se fazer política, que carecia de uma análise aprofundada e detalhada de sua história. É com esse propósito que Clara Malhano e Hamilton Botelho tramaram São Januário Arquitetura e História, uma pesquisa sobre o arquitetônico e iconográfico estádio do Vasco da Gama.
Inúmeros trabalhos traçando o perfil histórico de monumentos, construções, e algumas outras geografias específicas foram realizados desde o fim da década de 1970, quando o historiador francês Pierre Nora, por exemplo, deu foros e dignidade acadêmica aos estudos dos lugares de memória, em especial no seu país de origem.
São Januário é um desses espaços públicos pensados inicialmente como lugar de lazer e de entretenimento e que, muito rapidamente, substitui, ainda na República Velha (1889-1930), a praça pública como galvanizador do povo. Após a Revolução de 1930, na Era Vargas, o estádio construído pela direção cruzmaltina assume a espécie de um papel da antiga ágora da pólis grega.
Discursos e momentos da história republicana, festas cívicas, encontros de congraçamento e, claro, os grandes acontecimentos do esporte, principalmente do futebol, ocorriam em São Januário. É lá que o povo se encontrava para discutir política. Democraticamente. Algo pouco percebido durante a última década, especialmente, com a presidência sob o comando de Eurico Miranda...
Ao lado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por intermédio do Laboratório de Estudos do Tempo Presente/Tempo, assume-se o desafio de romper com as adversidades promovidas pelo preconceito e levar à academia o futebol como objeto de pesquisa.
Preservar fisicamente o acervo do Vasco da Gama e a reconstrução de sua história, em um trabalho pioneiro, que será extensivo a outros clubes e associações. É esse o alvo dos dois autores e de Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor-titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade do Brasil/UFRJ e coordenador do Centro de Memória do Vasco da Gama, que produziu três CDs com informações sobre a agremiação carioca para complementar o projeto.