Futebol

Confira entrevista com técnico Dorival Júnior em Brasília

Antes de apontar o maior pecado capital do futebol brasileiro, Dorival Silvestre Júnior, de 51 anos, cedeu à tentação da "gula". Contra a seca de Brasília, o treinador do Vasco caiu de boca no sorvete antes de conceder entrevista ao Correio. Simpático, o paulista de Araras não foi tão doce em algumas respostas. Fã do estilo de jogo do Barcelona e da Espanha, chamou de invejosos os críticos do paciente toque de bola. Irritado com a escassez de tempo para treinar o Vasco, acusou a quantidade excessiva de jogos e viagens como culpados pelo futebol de má qualidade no Campeonato Brasileiro. O aperitivo do bate-papo está na mesa, deguste a seguir o prato principal da conversa de ontem na concentração cruz-maltina.

 

O que o torcedor do Vasco verá de diferente em relação à derrota por 1 x 0 para o Flamengo na primeira exibição no novo Mané Garrincha?

O Vasco evoluiu. Paulo Autuori (antecessor) deixou alguma coisa montada e estamos dando sequência ao trabalho. Estamos há 23 dias sem uma semana inteira para treinar, isso só aconteceu antes do clássico com o Flamengo. O futebol brasileiro penaliza em razão do excesso de jogo e das distâncias. Jogamos sábado no Rio, terça-feira em Manaus e estamos aqui em Brasília. Isso é um complicador para uma equipe em formação, que carece de trabalho para se estabelecer um pouco melhor.

Até que ponto veteranos como o Juninho Pernambucano contribuem com os times e o Brasileirão?

São profissionais que ainda estão com apetite e espírito de doação. São jogadores de alto nível. Cito Alex, Zé Roberto, Seedorf, Juninho Pernambucano, que voltou para cá (Vasco). Todos eles passaram por momentos importantes na carreira e hoje contribuem de alguma forma. São produtivos, úteis e jogam um futebol de primeiro nível. O futebol brasileiro está carente desse tipo de profissional, de pessoas responsáveis, que ajudam na condução de uma equipe, que servem de referência aos mais jovens. Além disso, eles passam credibilidade a um campeonato tão competitivo como é o Brasileiro.

O Juninho tem potencial para ser treinador?

Alguns jogadores têm uma condição inata para administrar, liderar. O Juninho é mais um deles. Não sei se é um objetivo dele ser um treinador, mas, se isso acontecer, teremos mais um excelente profissional, principalmente no que diz respeito à honestidade, hombridade. Isso deveria parecer natural no ser humano, mas, hoje, é raro e tem que ser valorizado devido à inversão de valores.

Como é viver na fartura no Inter e na escassez no Flamengo e no Vasco?

O Internacional é um clube muito bem estruturado, dá todas as condições de trabalho. É um clube muito bem dirigido. Dos três campeonatos que disputamos lá, ganhamos dois: o Campeonato Gaúcho e a Recopa Sul-Americana. Flamengo e Vasco vivem momentos difíceis, mas têm duas diretorias voltadas para tentar soluções definitivas. Quero ajudar em todo esse processo. Não me lembro de um treinador que tenha saído de um clube grande como o Flamengo e assumido outro grande no mesmo estado.

A vida cigana de treinador o incomoda?

A falta de cultura faz com que tenhamos caminhos incertos, inseguros. Ou você conquista uma competição ou corre o risco de nem a finalizar. Alex Ferguson é um exemplo, Começou em 1986 e virou um símbolo. Tá na hora de o futebol brasileiro parar com esse imediatismo. A imprensa se especializou em contribuir para a queda de treinador. Ela diz "vai cair" e depois afirma que o torcedor foi quem quis que caísse. O torcedor é uma caixa de ressonância, vai falar o que ele ouve, não o que pensa. Nós estamos precipitando a falência dos nossos clubes.

O que falta para termos treinadores brasileiros em clubes de ponta da Europa?

O europeu nunca reconheceu muito o treinador brasileiro. Nós somos preparados. Convivemos com todos os aspectos negativos possíveis. Convivemos com dia a dia conturbado, questionamentos, pressão interna e externa, saída de 1.500 jogadores por ano para o exterior sem encontrar reposição. Ainda assim, nós somos questionados. Aqui, não é todo clube que dá o jogador pedido pelo técnico. Há falta de oportunidade (na Europa). A nossa diferença é muito grande. Eu continuo acreditando que o Brasil está adormecido, mas na vanguarda do futebol. Não deixamos a desejar a nenhum treinador europeu.

O Neymar fará sucesso no Barcelona?

Não tenho dúvidas de que ele vai dar certo. É um craque, um jogador acima da média, diferenciado, preparado. Ele está tendo o tempo de adaptação ao time, mas, a partir do momento em que estiver entrosado, com certeza, vai fazer a diferença a ponto de o Barcelona manter essa hegemonia.

Uma hegemonia que influenciou a Espanha.

Eles jogam um futebol de primeira, um futebol como deve ser jogado, com beleza plástica, envolvimento. E ainda tem gente dizendo que a Espanha pratica um tic-tac (futebol de toque de bola chato), mas sempre têm de achar algum defeito. Há muito tempo não temos um tic-tac como esse no futebol brasileiro. É uma pontinha de inveja. Fizemos isso por longos e longos anos e deixamos de lado.

O Brasil é favorito na Copa de 2014?

Eu nunca deixaria de colocar o Brasil como um favorito, ainda que vivamos o pior momento técnico do futebol brasileiro. Não contamos com a mesma fartura de outros momentos. Temos uma boa equipe, mas, não, um grande elenco. Com o período de treinamentos nós vamos melhorar devido à qualidade dos jogadores e do Felipão, que é experiente em todos os sentidos. Eu acho que Brasil ou Espanha estarão na final, ou quem sabe os dois, se não se encontrarem antes. A Argentina e a Alemanha têm belas equipes. Não podemos descartar o futebol inglês, e a equipe belga pode ser uma surpresa.

 

Confira entrevista em vídeo, clicando aqui.

Fonte: Superesportes
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