Fabiana Beltrame sendo apresentada no Vasco (Foto Marcelo Sadio/Flickr Vasco)
Fabiana Beltrame. 32 anos. Remadora. Campeã mundial. Prata pan-americano. Campeã sul-americana.
A apresentação de Fabiana seria suficiente para mostrar aos vascaínos que a ótima contratação da atleta pelo Club de Regatas Vasco da Gama, que vai muito além do futebol.
A Guerreiros da Colina fez mais, conversou com a simpática Fabiana Beltrame e a entrevista você confere na íntegra.
Guerreiros da Colina – Você já havia recebido uma apresentação como a que houve em fevereiro na sua volta ao Vasco?
Fabiana Beltrame – Não, fiquei muito lisonjeada, não só pela coletiva, mas por ter sido tão bem recebida por toda a diretoria.
Guerreiros da Colina – Qual foi à sensação de ter tido uma apresentação como a dos jogadores de futebol?
Fabiana Beltrame – Me senti importante (risos). É muito bom sermos valorizados.
GdC – Na sua coletiva, você afirmou que são os seus dois últimos anos de competição em alto nível. Isso já é um anúncio antecipado de aposentadoria?
Fabiana Beltrame – Sim, 2016 será meu último ano competitivo, depois continuarei remando, mas somente por hobby. Tenho planos de voltar para Florianópolis, minha cidade natal.
GdC – Como é o dia a dia de treinamento de um remador?
Fabiana Beltrame – É uma rotina bem puxada. Começo com um treino na água, das 7 as 9 da manhã. Tenho um intervalo de uma hora e começo a segunda sessão às 10, até às 11, que normalmente é no ergômetro (aparelho que simula um remo). Depois disso vou pra casa, almoço, descanso e às 15 horas, volto para o terceiro treino de musculação. Volto pra casa umas 18h e vou dormir cedo, por que no outro dia é tudo de novo.
GdC – Você anteriormente já defendeu as cores do Vasco da Gama. Hoje, retornando ao clube, percebeu alguma mudança significativa?
Fabiana Beltrame – Mudou bastante, principalmente a sala de musculação e os ergômetros, melhoraram muito. O clube também está com um projeto para compra de barcos, então acho que vai ficar melhor ainda.
GdC – Qual sua expectativa para o Estadual de Remo que se inicia dia 22 e o Campeonato Brasileiro de barcos curtos?
Fabiana Beltrame – Estou muito ansiosa pra estrear no Campeonato Estadual, por que é uma regata importante para o Club, para mostrar que o grande campeão está de volta. Assim como para o Campeonato Brasileiro, que define vaga para os campeonatos internacionais desse ano.
Fabiana Beltrame com o escudo do Vasco ao fundo (Foto Marcelo Sadio/Flickr Vasco)
GdC – Quando você saiu do Vasco, o Gibran, seu marido, também estava de saída, isso pesou na decisão?
Fabiana Beltrame – Na verdade, foi uma decisão conjunta. Não estávamos contentes na época. O remo já começava a ficar esquecido pela gestão passada, então resolvemos sair. Não foi fácil, por que o Vasco foi o clube que nos acolheu quando viemos de Florianópolis, mas nós, atletas, temos sempre que buscar o que é melhor pra nós e para o rendimento. Naquele momento fizemos essa escolha.
GdC – Se você não é o maior nome do remo brasileiro, é um dos maiores com certeza. Hoje quem você apontaria como um futuro grande nome do remo no Brasil?
Fabiana Beltrame – Temos muitos atletas treinando bem, visando obter melhores resultados e é isso que estou observando nessa seletiva. No dia das finais é que vamos ver quem são os remadores e remadoras que estão bem e poderão ter um futuro no esporte.
GdC – Como é o seu contato com os remadores da nova geração do remo vascaíno?
Fabiana Beltrame – Até o momento estava treinando na Confederação Brasileira de Remo – CBR, por conta de uma convocação, mas já tive contato com algumas meninas que dizem se espelhar em mim para continuar melhorando e sonhando com bons resultados. Fico muito feliz com isso. Logo tem regata e vou passar a ter mais contato com todos os atletas do clube.
GdC – Falando sobre Olimpíadas, você disse encontrar dificuldade para achar uma parceira, pois as meninas estão abaixo do que deveriam estar. É sobre estrutura que você falava, ou tem mais fatores que criam esse déficit no remo brasileiro?
Fabiana Beltrame – Não é só estrutura. O remo não é um esporte muito praticado, como o futebol e o vôlei, por exemplo, que tem filas de crianças e jovens entrando nas escolinhas todos os dias. Então é difícil achar novos talentos numa população pequena. As meninas que estão treinando atualmente tem muita vontade, estão melhorando muito, mas ainda estão um pouco cruas, precisam treinar e competir mais para formar um bom barco.
GdC – Na sua opinião, qual a importância de clubes de conhecimento mundial como o Vasco da Gama serem formadores ou “patrocinadores” de algumas modalidades olímpicas?
Fabiana Beltrame – É de fundamental importância. O remo do Rio só está vivo até hoje por causa dos clubes e da rivalidade existente nas regatas estaduais e brasileiros. É isso que faz com que o investimento nesses esportes continue. É onde as crianças começam. Fora isso, temos pouca estrutura formadora de atletas.
GdC – Vai incentivar a vida esportiva da sua filha ou vai deixar por escolha dela?
Fabiana Beltrame – Sempre vou incentivar minha filha a praticar esportes, por que esporte é saúde, mas ser atleta ou não, vai depender dela. Vou deixá-la livre pra escolher o que gosta, até por que temos que fazer com amor, caso contrario, não fazemos bem feito.
Fabiana Beltrame exibe a Cruz de Malta (Foto Marcelo Sadio/Flickr Vasco)
GdC – Como foi a sua experiência na Marinha no ano passado?
Fabiana Beltrame – Foi uma experiência muito diferente. Foi muito bom conviver por algumas semanas lá e ver como é a rotina dos marinheiros, aprender coisas novas. Vi que eles são muito parecidos com os atletas, com a sua disciplina e dedicação.
GdC – Estando no Vasco fica difícil de não falar sobre: acompanha o futebol? Costuma ir a São Januário?
Fabiana Beltrame – Na primeira vez que remei pelo clube, fui muitas vezes torcer pelo Vasco. Dessa vez ainda não fui, por que meus treinamentos estavam muito pesados por causa da seletiva, mas com certeza ainda vou muito.
GdC – Pra encerrar Fabiana, a Guerreiros da Colina te deseja boa sorte nessa sua jornada, que seja de muito sucesso e de alegria. Que renda bons frutos e boas vitórias.
Fabiana Beltrame – Muito obrigada. Como falei na coletiva, realmente espero honrar a camisa do Vasco e trazer muitas vitórias para o clube que me recebeu com tanto carinho. Gostaria de mandar um abraço especial aos torcedores, que estão me apoiando muito.