Um ano se passou desde que o Vasco teve reconhecido na Justiça o direito a centralizar suas dívidas por meio do Regime Centralizado de Execuções, o RCE. Desde setembro de 2021, portanto, o clube rigorosamente tem depositado em juízo, mês a mês, 20% da sua receita corrente mensal a fim de pagar o que deve às centenas de credores que aguardam na fila de espera.
No total, de acordo com a última atualização nos autos, o Vasco já transferiu R$ 19.585.313,20 para as contas judiciais do RCE, que por sua vez é desmembrado em dois processos: um no Tribunal de Justiça, que centraliza as dívidas de natureza cível, e outro na Justiça do Trabalho, que lida com as de natureza trabalhista.
Na esfera trabalhista, que concentra o maior número de execuções e os maiores valores, R$ 9.846.822,79 já foram repassados aos credores. Esse repasse é responsabilidade da Justiça com base na ordem de prioridade que leva em consideração idosos, portadores de doenças graves e credores que aceitaram acordos para reduzir a dívida, por exemplo.
Foto: Agência Estado
Com a aquisição da SAF do Vasco oficializada no mês passado, o depósito dos valores do RCE passou a ser responsabilidade da 777 Partners, que contratualmente concordou com o pagamento de até R$ 700 milhões da dívida do clube.
Em breve, com a expectativa de aumento da receita nos próximos anos, o valor dos depósitos naturalmente será maior, e a tendência é de que a dívida seja abatida em sua totalidade num menor espaço de tempo. O Vasco tem até seis anos para cumprir o acordo feito com os credores, mas esse prazo poderá ser esticado em mais quatro anos desde que o clube, ao fim do sexto ano, tenha pagado 60% da dívida.
Recentemente o TRT retirou da lista do RCE vascaíno as execuções obtidas via Fifa e Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), que é a corte arbitral da CBF. Dessa forma, em menos de duas semanas, o Vasco precisou pagar aproximadamente R$ 3 milhões para o ex-atacante Máxi López e o ex-treinador Ricardo Sá Pinto (e dois auxiliares) para escapar do transfer ban.
Os credores
Na última lista do RCE que corre na vara trabalhista, anexada ao processo na semana passada, havia cerca de 200 credores registrados na fila de espera. Desses, o ge identificou 93 jogadores ou treinadores - confira a lista completa ao fim da reportagem.
Tem credor que atualmente faz parte do elenco e comissão técnica do Vasco: casos de Nenê e Jorginho. O treinador tem três processos contra o clube que, juntos, somam uma execução de R$ 2.866.308,52. Já a dívida do clube com o camisa 10 é de R$ 924.425,28.
Foto: Daniel Ramalho / CRVG
Chamam atenção, também, as dívidas milionárias que o Vasco tem com ex-técnicos e com alguns ídolos. Cristóvão Borges, Adilson Batista e Alberto Valentim, por exemplo, têm mais de R$ 1 milhão cada para receber do clube. Já a execução de Dorival Junior, hoje treinador do Flamengo, é de quase R$ 10 milhões.
Juninho Pernambucano (R$ 706.096,16), Felipe Maestro (R$ 2.427.993,17), Pedrinho (R$ 1.245.903.97) e Carlos Germano (R$ 583.225,75) também estão entre os credores. A maior dívida que consta no RCE é a que o Vasco tem com o ex-volante Wendel, que defendeu a equipe entre 2012 e 2013: R$ 11.416.874,87.