Futebol

Confira trechos da entrevista de Juninho Pernambucano em sua despedida

Juninho Pernambucano escreveu na tarde desta segunda-feira o seu último capítulo como jogador do Vasco, deixando na torcida uma sensação de perda, mas com a condição de eterno ídolo dos cruz-maltinos. Em fase de reforço físico depois da recuperação de uma lesão muscular, o Reizinho já vinha reclamando de dores e das dificuldades no processo, o que o levou a oficializar sua aposentadoria em entrevista coletiva concedida em São Januário.

- Não tenho muito o que falar, só agradecer. Resolvi parar porque depois da última lesão eu tinha decidido parar. Me recuperei e fui convencido a fazer a pré-temporada para tentar voltar a jogar no Carioca, até pela possibilidade real de uma conquista. Mas chegou a hora. Se o Roberto parou, o Romário, Zico, não teria como esse dia não chegar. Convivi sendo o vovô do time, eu sempre brincava porque no dia a dia era o mais velho, mas na escola para buscar meus filhos era o pai mais novo. Mas no futebol não dá para se divertir, fiz sempre com amor e paixão e também com muita responsabilidade. Entendi cedo minhas deficiências e isso me levou até aonde cheguei.
Juninho havia adiado a aposentadoria no início de 2014 para disputar, ao menos, o Campeonato Carioca. Assinou contrato até o dia 30 de maio, mas o acordo previa, no entanto, que o jogador poderia encerrar a carreira a qualquer momento. O Reizinho estaria a sete jogos de completar a expressiva marca de 400 com a camisa do Vasco, clube que mais defendeu em campo: 393 partidas, com 76 gols, segundo levantamento do site "Futdados".
Seu último jogo como profissional foi no dia 10 de novembro de 2013, contra o Santos, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. O jogador sofreu uma grave lesão muscular na coxa direita durante a partida e perdeu a reta final da competição, que acabou com o rebaixamento do Vasco. Depois de longa recuperação, Juninho vinha seguindo uma programação especial preparada pelo departamento médico do clube para tentar disputar o Carioca. Mas ainda reclamava de dores musculares pelo esforço. Em sua única entrevista em 2014, no dia 15 de janeiro, ele já admitia que estava difícil suportar o ritmo da pré-temporada.

Agora, com a carreira encerrada, Juninho pretende tirar férias e, quando retornar, deseja seguir trabalhando com futebol.

- Eu não me vejo fora do futebol, mas queria curtir umas férias prolongadas. Vou voltar ao futebol. Ser treinador sempre passou pela minha cabeça, quero um projeto interessante. Vou comentar futebol na Copa. A tendência é continuar, sem definir a função. Quem se entregou de corpo e alma sente muita falta. Como todo atleta de alto nível, procuramos algo para suprir o que o corpo pede.

Confira a entrevista do ex-jogador:

Título que faltou

"A página que faltou, eu sonhava ser campeão do mundo. Mas isso não incomoda. Curti bastante também no Al-Gharafa. Depois seis meses nos Estados Unidos, agradeço por essa oportunidade de vida. Voltei e tudo que recebi aqui foi sempre especial. Agora começo nova vida, não sei como e nem aonde".

Esforço

"Claro que se eu tivesse experiência desde o início tudo seria mais fácil. Mas sempre pedi a Deus para fazer as melhores escolhas. A todo momento você tem de fazer escolhas, depois saberemos se é certo ou errado. Ter jogado até aos 39 foi um privilégio. Foi mais difícil do que imaginei. Todo esforço foi recompensado".

Lesão na última partida

"Pensar, eu pensei, mas a vida é assim. A gente não a controla. Se meu último jogo eu saí com lesão, não posso lamentar. Quando olho para trás, é para aprender. Não imaginava tantos títulos, ter marcado uma história aqui, no Lyon. Prefiro olhar o que foi conquistado. Poderia ter forçado uma situação, ter entrado ontem no fim, falar que ganhei do Botafogo e parei de jogar".

A decisão
"Quando os treinos eram mais fortes, eu tinha dificuldade para treinar no outro dia. O Adilson preparou a equipe e precisava de uma definição, mas sempre me deixou à vontade. Estava difícil repetir os treinamentos. Ainda fiz um coletivo, mas depois fiquei dois dias sem treinar. No começo da semana passada expliquei à comissão que tomei a decisão de parar".

"Eu conversei algumas vezes com a minha família. Estava incomodando continuar treinando. Depois de um jogo no Carioca, deixei para pensar até segunda-feira. O treinamento hoje é jogo, é uma final. Quando não tem mais condição de levar a carreira assim, tem de parar".

Futuro

"Fui convidado para ser comentarista na Copa. Não está definido, mas é uma oportunidade de ver a Copa de perto. O Vasco tem real condição de ganhar o Estadual, depois vai ter a parada para a Copa. Se der para encaixar alguma coisa, a gente faz. Mas não há obrigação. A concentração aqui é total".

Fonte: ge
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