Futebol

Confira uma crônica sobre a crise vascaína em 2012

A região de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, é famosa por São Januário, estádio do Vasco e pelo Centro de Tradições Nordestinas, onde ocorre a Feira que leva o nome do bairro, recheada de cultura dos estados do Nordeste do país. Para os torcedores do Vasco, no entanto, a combinação entre São Januário e times nordestinos não é nada boa. Marcelo de Oliveira foi demitido ontem (no que o presidente Dinamite chamou de “acordo” entre treinador e clube) após uma derrota em casa para o Sport de Recife por 3 a 0. Mais de dois meses antes, foi Cristóvão Borges que perdeu o cargo após derrota nordestina para o Bahia, de novo no estádio do time cruzmaltino. O troca troca de treinadores é só um dos fatores que faz com que o atual vice campeão brasileiro se deteriore no fim da temporada. Goal.com analisa os treinadores, a queda do desempenhos e as falhas estruturais que estão levando o Vasco da Gama a um decepcionante fim de ano.

VALEU A PENA A DEMISSÃO DE CRISTÓVÃO?


Um questionamento que ficará para sempre na mente do torcedor vascaíno mais ponderado é se as coisas estariam melhores caso Cristõvão tivesse permanecido. Se hoje o Vasco é o time que vê o G-4 de longe após seis derrotas consecutivas, o Vasco de Cristóvão Borges foi, em 2011, o time que resistiu ao drama de perder Ricardo Gomes e chegou à rodada final do campeonato com chances de título. Depois, foi o time que mais criou dificuldades ao Corinthians na Libertadores, fazendo bela campanha e só não indo para as semifinais por conta de um gol salvador de Paulinho nos minutos finais. No Brasileirão, Cristóvão, mesmo vendo o time ser vendido aos poucos, manteve o time no G-4, chegou a brigar pela liderança e deixou o comando com o time na 4ª posição, dois pontos a frente do 5º colocado, e 11 atrás do líder Fluminense. Hoje, o time se vê na 7ª posição, nove pontos atrás do G-4 e vendo o rival Fluminense conquistar o título 23 pontos à frente.

A diferença de desempenho e a clara queda do time ficam em evidência quando comparamos a classificação do Vasco nos diferentes turnos do campeonato. Na primeira metade, o time ficou no G-4, em quarto lugar. No segundo turno, faltando quatro rodadas para o fim, o Vasco só fez mais pontos do que o rebaixado Atlético-GO e figura entre os quatro piores times do campeonato.

A torcida pediu um “técnico de ponta” após a saída de Cristóvão. Veio Marcelo de Oliveira, que havia feito um belo trabalho no Coritiba, mas ainda está longe de ser considerado “de ponta”, seja lá o que isso queria dizer. Fato é que não deu certo. Foram só oito pontos conquistados nas 10 rodadas que Marcelo comandou o time. O péssimo desempenho de 26,6% do técnico, no entanto, não explica 100% a queda vascaína. E não é só as trocas de treinador que marcam os erros da diretoria.

A DINAMITE DE ROBERTO DINAMITE


Quando ainda era um atacante dos juvenis do Vasco, o atacante Roberto ganhou o apelido de “dinamite” pelos jornalistas vascaínos do Jornal dos Sports, que vislumbraram o potencial daquele que se tornaria o maior ídolo da História do clube. Mais de 40 anos depois, o apelido de Roberto, hoje presidente do clube, serve como metáfora para a atual crise do Vasco.

A dinamite acesa pela diretoria do clube passou pelas mãos de Cristóvão e foi estourar nas mãos de Marcelo Oliveira. Há de se divdir a culpa com quem pôs fogo no pavio.

Fato é que os resultados de hoje têm muito a ver com as vendas de Diego Souza, Rômulo e Fágner, peças importantes do time de Cristóvão que não foram repostas. Jogadores com menos importância nesse cenário e que saíram, também fizeram falta. Ramon, Anderson Martins, Elton e Bernardo são jogadores que poderia servir de opção para Marcelo de Oliveira se a diretoria escolhesse manter algumas peças.

A estrutura também vira fator quando se fala no atual caos. A gestão Dinamite continua investindo na base, mas pouco pode se falar quando se falta água no clube. Apesar das explicações do presidente, a situação é ruim para marca e para o desempenho do Vasco. Era de se esperar que um clube que tem a água cortada não atingisse os seus objetivos, mesmo com um time com boas peças, como o ídolo Juninho, que seis rodadas atrás poderia disputar o título de craque do campeonato.

\"Vivi como atleta por 20 anos aqui e nunca recebi meus salários em dia. Está errado? Claro, eu concordo. Temos que cumprir nossas obrigações. Mas hoje é um atraso de um mês, que muitos clubes também têm. Quem milita no futebol sabe bem disso\" - Roberto Dinamite

Os salários atrasados, claro, ajudam a atrapalhar. Marcelo Oliveira ficou 50 dias no Vasco e não recebeu nada. Os jogadores, com salários atrasados, caem o desempenho em treinamentos e jogos. Como se não bastasse, ainda lidam com a declaração acima de Dinamite. A entrevista do presidente remonta tempos não tão gloriosos do futebol carioca, onde a desorganização era clara e, como ressaltou Dinamite, a falta de compromissos honrados era inerente.

O discurso do presidente, vindo de um ídolo do clube que representou a quebra com “a velha maneira de fazer futebol” do clube, é um soco no estômago dos vascaínos ou entusiastas do esporte que punham esperanças em Dinamite para mudar o Vasco e o cenário do futebol carioca. Remeter ao não pagamento de salários em dia é remeter a um futebol carioca desorganizado, dos anos 1990, da época de Eurico Miranda no Vasco, que, inclusive, chegou a ser cogitado como companheiro de Dinamite na gestão do Vasco, algo que foi desmentido pelo presidente.

O fim de 2012 parece que não vai ser feliz. Resta, a Dinamite e, quem sabe, Ricardo Gomes, voltarem a escrever capítulos felizes para a torcida vascaína que já tinha quase certeza que os tempos de tormenta já haviam passado.

Fonte: Goal
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